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Chegou ao mundo

Clampeamento oportuno do cordão umbilical

O cuidado imediato ao recém-nascido e nas primeiras horas de vida é extremamente importante. O Ministério da Saúde preconiza que haja o contato pele a pele entre mãe e o recém-nascido, aleitamento materno e clampeamento oportuno do cordão umbilical. Vou me ater sobre o clampeamento neste texto.

Após 9 meses em que o bebê esteve unido a mãe através da placenta, tudo o que ele recebeu de alimento e respiração o cordão umbilical foi o responsável.  Esse cordão que serviu de conexão entre gestante e bebê, no momento do nascimento, tem, em média, de 50 a 60cm de comprimento e aspecto gelatinoso ao toque. Após o nascimento, o recém-nascido passará a respirar utilizando seus pulmões e se alimentar pela boca idealmente pelo leite materno.

Parece algo simples essa despedida do cordão, né? Seria só chegar e cortá-lo, certo? Atualmente, a ciência já nos indica que seja realizado o “clampeamento oportuno”, ela significa o momento ideal para que o corte do cordão umbilical seja realizado. Novos estudos explicam que, bebês que têm seus cordões clampeados após o terceiro minuto de vida (quando param de pulsar), recebem a transferência da placenta entre 80 a 100 ml de sangue e que 90% desse montante oxigena o bebê inicialmente. Além disso, identificaram outros benefícios como aumento de níveis de hemoglobina, melhora dos estoques de ferros nos primeiros meses de vida e diminuição das taxas de hemorragia.

Não há um consenso exato sobre a recomendação do tempo exato para o clampeamento tardio do cordão.  A OMS recomenda após 1 minuto de vida (em bebês nascidos a termo ou prematuros que não tenham requerido ventilação), já a Academia Americana de Pediatria orienta o corte entre 30 – 60 segundos.  Já o Royal College of Obstetricians and Gynecologists também recomenda retardar o clampeamento do cordão umbilical para bebês saudáveis ​​a termo e prematuros por pelo menos 2 minutos após o nascimento. Já o Ministério da Saúde orienta que se aguarde entre 1 e 3 minutos após o nascimento.

Entretanto, o que se encontra na maioria dos hospitais é a prática de clampeamento imediato, ou

seja, logo após o nascimento ou até em 15 segundos. E as razões são muitas, como a pressa dos profissionais ou a falta de conhecimento sobre a recomendação ou o argumento que o clampeamento precoce do cordão umbilical previne icterícia e policitemia nos recém-nascidos, no entanto, esse posicionamento vem levantando críticas nos últimos anos.

Ou seja, em linhas gerais, o ideal é que se aguarde, no mínimo 30 segundo ou mais pra realizar o procedimento. E isso não precisa ser uma decisão do obstetra/ pediatra. Vocês, como pais, podem deixar claro suas escolhas no plano de parto de vocês e comunicam antes a equipe esse desejo.
Lembrando que a própria mãe pode cortar o cordão ou o acompanhante do parto (é sempre uma foto linda!).

Ah, não posso encerrar o texto sem lembrar a vocês sobre o mito da “circular de cordão” que muitas equipes de assistência alegam pra inviabilizar um parto normal. Caso queira saber mais, clique aqui.

Portal PEBMED: https://pebmed.com.br/acog-atualiza-recomendacao-sobre-clampeamento-do-cordao-umbilical/?utm_source=artigoportal&utm_medium=copytext

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Bebê na barriga

Circular de cordão – não se apavore!

Quem nunca ficou nervosa ao ouvir no exame de ultrassonografia o médico indicar que o bebê está com o cordão envolta do pescoço com 1, 2, 3 voltas?
Não há porque se preocupar com isso, especialmente se estiver próximo ao momento do parto, pois não é indicação de cesariana.

A “circular de cordão” resultado da própria movimentação do feto, que pode fazer com que o cordão se enrole e desenrole diversas vezes e é bem frequente, podendo ocorrer em 1/3 dos bebês em final de gestação.

Ao contrário do que prega o senso comum, ele não “enforca” a criança, e pode ser facilmente desenrolado pelo médico durante o parto, depois da passagem da cabeça do bebê. Lembre-se que o bebê não respira pelo nariz.

O cordão não tem tamanho definido e pode dar várias voltas, não apenas no pescoço, mas também em outras partes do corpo da criança.

A única preocupação é se o cordão for muito pequeno ou estiver muito enrolado, ele pode ficar “curto” para a descida do bebê pelo canal de parto. Se ele estiver muito pressionado, compromete a circulação de sangue e, consequentemente, reduz a frequência cardíaca da criança.

Por isso, os médicos realizam um exame chamado cardiotocografia, que vai acompanhando a frequência cardíaca do bebê e as contrações da mãe ao longo do trabalho de parto.

Caso seja diagnosticado o sofrimento fetal, pode ser reavaliada pela equipe uma alteração na via de parto. Tudo isso só pode ser diagnosticado no momento do nascimento e não pela ultrassonografia.

Assim, nada de pânico ao ouvir falar de circular de cordão, certo?