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Expectativas Maternas

Existe mãe perfeita?

Nós, mães, nos cobramos perfeição o tempo todo. Mesmo que sem querer, estamos lá achando que devemos e (o que é pior) que podemos dar conta de tudo. Mas eu vou te contar um segredinho: somos humanos, feitas de carne, osso, músculos… Por mais que tentemos, uma hora a estafa chega, estafa física, mental, emocional.

Faço aqui um papel importante, venho te contar que nenhuma mãe é perfeita, é mulher maravilha, consegue dar conta de tudo. Mesmo que pareça ser. Ás vezes as aparências enganam e a imagem perfeita de mulher, mãe, esposa, profissional que fazemos de determinada pessoa não é aquilo tudo que possa parecer. Nós falhamos, temos nossas limitações e quanto mais negarmos isso, vamos correr atrás do próprio rabo tentando dar conta de algo inalcançável, principalmente sozinhas.

A sociedade vem mudando ao longo das décadas e séculos. O que antes era papel principal da mulher, que era criar filhos e cuidar da casa, hoje, não se resume mais a isso. Antes tínhamos essa obrigação e sem poder opinar muito, aceitávamos e tudo bem. A mulher saiu de casa, foi trabalhar, foi estudar, foi ganhar o mundo e entendeu que seu papel não era ser só mãe e esposa. E começamos a pensar em um mundo mais igualitário, onde os pais também contribuam com a casa e a educação dos filhos.

Atualmente, uma mulher dificilmente sonha somente em formar família. Ela deseja conquistar o mundo: viajar, estudar, vivenciar experiências sozinha, com as amigas, construir sua carreira profissional. Mas nos deparamos com uma dura realidade: como seguir atrás de nossos sonhos se nossos papel de casa, de mãe e esposa exemplar continuam nos exigindo muito?

Entendendo e aceitando que é humanamente impossível dar conta de tantos papéis: mãe, mulher, esposa, trabalhadora, amiga… Entender que você precisa do apoio do seu marido/companheiro. E se você puder construir uma rede de apoio com seus parentes (geralmente sogra e mãe), ter alguém que te ajude com a casa ou com seu filho. Tudo isso ajuda a aliviar a rotina pesada que todas nós temos atualmente.

Eu acredito que sem o peso da perfeição que a sociedade (e nós) tanto nos cobra, nossa maternagem possa ser mais leve, sem tantas cobranças, nos dando a chance errar e acertar, podendo cuidar de si mesma. Bora desconstruir tudo isso?

Com carinho,

Lilica.

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Questão de saúde

Dicas práticas para uma alimentação saudável

Como ter uma alimentação saudável nos dias atuais? Estamos o tempo todo correndo contra o tempo, trabalhamos fora de casa, às vezes, estudamos, levamos e buscamos filho na escola, na natação e muitas vezes a alimentação familiar acaba ficando de lado. A verdade é que é muito mais fácil comprar comidas prontas, congeladas e resolver nossa questão em poucos minutos, não é verdade?

Quem nos acompanha aqui sabe que prezamos a alimentação saudável da família (não só do bebê, pois ensinamos através do exemplo), por isso temos a Nutriped como parceiras que escrevem textos para o blog, participam do nosso curso de casais grávidos e futuramente vamos ter vídeos também no YouTube entrevistando elas. Prezamos muito para quem nos acompanha tenha informação de qualidade.

Por isso, hoje, viemos trazendo dicas práticas para te ajudar na cozinha, no dia a dia, para que a alimentação saudável da família, se torne viável. A verdade é que para comer bem, devemos descascar mais e desembalar menos, então requer um pouco de dedicação, mas com as dicas que trouxemos hoje, irá facilitar e muito na cozinha!

Prepare papel e caneta e anote aí:

 

  • Leia os rótulos das embalagens: quanto mais ingredientes tiver, desconfie. Quando mais nomes estranhos, não é natural. Por exemplo, molho de tomate, busque os que tenha somente tomates e o conservante ou se tiver disposição e um pouco de tempo, veja nossa receita de molho de tomate caseiro no YouTube. Nos rótulos, o primeiro ingrediente que aparece é o que mais tem no produto, por exemplo, se você pega um pacote de biscoito e o primeiro ingrediente é açúcar, significa que o que mais tem naquele pacote é açúcar.

 

  • Siga perfis de comidas saudáveis: eles te darão dicas para facilitar sua vida na cozinha, por aqui sigo: @nutriped, @comidinhasdadiana, @paveg (comida vegana e super saudável), @ritalobo e tento adquedar as dicas a minha realidade.

 

  • Congelar comida: as comidas caseiras, sem conservantes, duram até 3 meses no congelador, então para facilitar a sua semana, faça grandes quantidades e congele. Eu, por exemplo, faço uma panela grande de feijão e separo em vários potinhos, conforme vou precisando, vou pegando. Fica bem mais prático e até evita de jogar comida fora. Não esqueça de botar etiquetas com as datas que você congelou a comida para não perder a validade.

 

  • Deixe tempero pré-pronto: Alho e sal triturado, conserva até fora da geladeira, assim quando você for cozinhar, não terá que descascar alho, amassar, isso economiza um tempo na nossa vida corrida. Dá para guardar cebola picada para a semana também, é só banhar no azeite, botar em um pote e guardar na geladeira. Lavar um pe de alface de uma vez, secar bem as folhas e guardar em um pote fechado (botar uma folha de papel toalha por cima do alface ajuda a conservar).

 

  • Potes de plástico: use potes de plástico BPA free, ou em português, livre de bisfenol (uma substância cancerígena que o plástico comum pode soltar).

 

  • Nos siga no Canal do YouTube: Lá damos dicas de comidas e lanches saudáveis para toda a família. Testada e aprovada por nós.

 

  • Menos açúcar: já parou para notar o quanto de açúcar consumimos diariamente? Se você começar a reparar, irá ficar surpreso! Então tenho feito esse exercício e tentado diminuir o uso do açúcar em geral, mas aboli o uso do açúcar branco, pois quanto mais branco mais refinado e mais químicas utilizadas para o refinamento. Tenho usado o demerara ou mascavo (ele é um pouco mais caro, mas como tenho usado pouco, não fez tanta diferença no orçamento).

 

  • Substituição: o achocolatado que estamos acostumado a usar, tem grande quantidade de açúcar. Consegui substituir aqui em casa pelo cacau 100% e mesmo que eu adoce, coloco a quantidade de açúcar que eu desejar, além de não ser o refinado. Substituí também a farinha de trigo pela farinha de trigo integral. A dica é peneirar ela antes de fazer o bolo, ele não fica tão pesado e seco.

 

  • Bebida em caixinha: não entra mais aqui em casa. Ou bebemos suco da fruta feito em casa, comprado nos hortifurttis (pois geralmente fazem no dia) ou bebemos suco de uva integral (sem adição de água ou açúcares) ou água mesmo, que tem sido nosso preferido.

 

Claro que as mudanças não ocorrem de um dia para outro. Temos que ter propósito, perseverança, além do que é aconselhável buscar um acompanhamento nutricional. Mas deixamos aqui dicas do que você pode mudar para tornar a sua vida e consequentemente a vida do seu filho mais saudável. E aí? Mãos à obra?

 

 

Lilica.

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Bebê – 0 a 12 meses Chegou ao mundo

Teoria da Extero Gestação

Quem nunca ouviu alguém dizer que o bebê de dias está manhoso, chora muito e só quer colo? E quando a mãe ou o pai decidem acolher esse bebê, alguém da família, a própria mãe dos recém pais, a avó, a tia, falam que estão acostumando mal esse bebê e que ele ficará manhoso?

Eu já ouvi muito isso e ainda ouço com frequência. A ideia de que um bebê de dias, que não está entendendo que está não está mais dentro da barriga da sua mãe, está tentando manipular os pais é comum. As pessoas não param para ler sobre a questão biológica do ser humano, como nos reproduzimos, nascemos, nos desenvolvemos. Nós repetimos muitos achismos por aí e assim, vamos de geração em geração reproduzindo falsas verdades.

O antropólogo inglês Ashley Montagu construiu a teoria de que os seres humanos, precisariam de pelo menos mais três meses (4º trimestre) de gestação para terminar o seu desenvolvimento, mas por impossibilidade física (seríamos grandes demais para nascermos), passamos esses três meses nos desenvolvendo fora do útero materno, mas precisando de cuidados especiais, e se pudermos manter o clima do útero ajudará bastante ao bebê.

Hoje, sabe-se que o homem é o mamífero que nasce mais dependente comparando com bebês cães, bezerros, girafas que andam com horas de nascidos. O pediatra americano Harvey Karp foi o responsável pela ampla divulgação da teoria da externo gestação, e nos dá dicas de como simular algumas situações que irão dar para o bebê a sensação de estar no aconchego do ventre da mãe.

Abaixo iremos dar 5 dicas de como simular o útero da mãe e fazer com que o bebê se sinta aconchegado, como se estivesse na barriga de sua genitora.

  1. Faça sons parecido com o útero: secador, ruído branco, aspirador de pó, shiii (com a boca);

  2. Embrulhe o bebê e deixe-o mais seguro: faça charutinho com o cueiro;

  3. Faça um ninho para o bebê: rolinhos, almofadas, moisés;

  4. Dê colo e acolha o bebê: o sling ajuda e a amamentação em livre demanda também;

  5. Dê banho de balde no bebê: ofurô.

 

Por isso, quando alguém vier dar algum pitaco sobre você tentar acolher seu bebê de dias ou poucos meses, ouça sua intuição materna ou paterna e lembre-se, ele ainda não entendeu que está fora do útero, ele ainda não entende que é um ser separado da mãe dele. Ele precisa de cuidados, carinho, colo, atenção, peito, sentir o cheiro de quem o carregou por 9 meses e ouvir as batidas do coração dela para se acalmar.

 

Com carinho,

Lilica.

 

 

 

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Expectativas Maternas

Autoperdão: toda mãe deveria praticar.

Qual foi a mãe que NUNCA perdeu a paciência em meio a uma crise do filho (ainda mais em torno dos 2 ou 3 anos)?

Qual foi a mãe que NUNCA sentiu vontade de desistir. Que NUNCA pensou nem por 1 segundo sequer aonde estava com a cabeça quando decidiu ser mãe?

Que jurou que NÃO teria nem mais um filho…

Educar não é nada fácil. Eu diria que tem sido uma das tarefas mais desafiadoras para mim. Demanda energia, paciência, paciência, mais paciência e estar bem centrada em si, porque quando já estamos estressadas, cansadas, cheia de problemas, basta uma atitude de desobediência para nos tirarmos do sério.

TODAS nós já nos sentimos culpadas em algum momento da maternidade (seja gravidez, quando o bebê nasceu, quando ele estava maiorzinho)…a gente vive permeada de culpa, parece que não podemos errar nenhuma vez. Mas somos humanas e erramos sim! Temos sentimentos, nos sentimos exaustas, tristes, sobrecarregadas, estressadas e estouramos de vez em quando. Com tanto que não seja diário, faz parte.

Quando erramos, não temos o que fazer para voltar atrás. O que foi feito, já está feito. Mas podemos recomeçar sempre. Então, analise sempre suas falas e ações e caso perceba algo de ruim, se auto analise e veja se pode melhorar. A verdade é que sempre podemos ser melhores (mães melhores, seres humanos melhores). Não se culpe, mas busque ajuda, se precisar.

Lendo sobre disciplina positiva, me deparei com algo interessante que faz todo sentido para mim: a gente só consegue abaixar na altura da criança, olhar nos olhos, conversar, explicar e educar de forma justa, quando estamos em nosso centro de equilíbrio. Não adianta que nervosa e cansada nada irá fluir.

Então uma dica que dou pois tem funcionado comigo é cuide de si, não só fisicamente, mentalmente, espiritualmente, pessoalmente, você precisa estar bem para educar seu filho e cair menos nessas “armadilhas” de gritar, bater, ameaçar. São reações violentas que só adiantam a curto prazo por medo, pois não ensinam nada de fato.

Como sentimos na pele diariamente é exaustivo educar, erramos sim, algumas vezes, mas não deixe a culpa te paralisar e te fazer sentir uma monstra. Todos temos dias piores e melhores. Claro que quando temos uma consciência maior dos nossos atos, a chance de repetirmos esses “erros” diminuem. Mas quando eles acontecerem você vai saber que está tentando fazer o seu melhor e amanhã será outro dia de recomeço.

 

Um abraço apertado,

Lilica.

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Crianças (a partir de 2 anos)

5 princípios da Educação Positiva

Hoje começamos uma série de matérias sobre a disciplina ou educação positiva. Digo começamos, pois, o tema é tão vasto que não se encerrará somente nesse texto, com certeza virão outros com dicas mais prática do dia a dia, de como botar de fato em prática a educação positiva.

Há alguns meses venho me interessando de fato pelo educação positiva, tenho lido bastante, seguido perfis de mães e profissionais que são estudiosos nessa área e tenho aprendido bastante. A educação positiva me mostrou que posso quebrar o “ciclo vicioso” que vamos reproduzindo de uma educação tradicional extremamente punitiva e que muitas vezes é nada reflexiva e efetiva, tanto para a criança, quanto para os pais.

É desafiador, confesso, quebrar com esse ciclo no qual eu fui educada e para mim é a referência de sucesso na educação, afinal, sou uma pessoa de bem, que cresci respeitando os mais velhos e tendo limites. Acontece que a educação positiva me mostrou que eu posso ser uma mãe melhor, uma educadora mais eficiente se usar as ferramentas que a disciplina positiva oferece, trazendo menos “danos” ao meu filho, não agindo como a educação tradicional prega, com subjugação, humilhação, punições físicas e emocionais.

A primeira imagem que me vinha a cabeça quando escutava “educação positiva” era permissividade. Parecia que educar sem punição, não era educação e sim, deixar a criança fazer o que quisesse e isso me incomodava. Comecei a pesquisar e ler. Sigo alguns perfis no Instagram que colocam na prática situações de educação e me fizeram enxergar que a disciplina positiva faz exatamente o oposto da permissividade, mas também não age com autoritarismo. Mas como isso é possível? Vem comigo, pois irei te explicar.

 

  • Criando conexão com a criança – Ela precisa saber que é respeitada, que você se importa com ela, ouve o que ela tem a dizer, sendo assim, cria uma conexão entre vocês dois que facilita e muito a comunicação; principalmente nos primeiros anos da infância, onde a criança não consegue se expressar completamente e por isso, pode não conseguir passar tudo o que está sentindo.
  • Ser gentil e firme ao mesmo tempo – Não é uma tarefa simples, mas ao mesmo tempo que você é amável com a criança, você está respeitando ela, quando está sendo firme, respeita a si. Lembrando que toda criança precisa de limites, então quando alguma situação acontecer e a resposta for NÃO, você vai dizer não, de forma gentil e amável mas será firme na resposta mantendo o não e explicando.
  • Nem permissividade, nem autoritarismo – Quando falamos em disciplina positiva, é certo a maioria das pessoas terem em mente a permissividade mas ao contrário disso, a educação positiva não prega nem o excesso, nem a falta e sim, o meio termo, através do diálogo, sempre colocando em jogo os sentimentos e sensações da criança.
  • Desenvolvendo capacidade nas crianças e ser consciente delas – Quando incentivamos nossos filhos a descobrir suas capacidades (emocionais, físicas, motoras) possibilitamos que tenham maior confiança neles mesmos. Quando educamos sem julgamento ou castigos, mesmo que errem, poderão ter confiança em si mesmos, e aprender o certo corrigindo os erros.
  • Ação efetiva a longo prazo – Castigos e punições corporais não são efetivos a longo prazo, mas somente a curto prazo e sim pelo medo e não pelo respeito. Pensar a disciplina positiva como meio de educar seu filho, pode te ajudar a criar ações que serão efetivas a longo prazo, pois ensina seu filho a entender determinadas situações de forma emocional(do ponto de vista dele) e prática (o por quê não pode fazer determinada coisa). Ele aprende e raciocina em cima da situação e não só obedece pelo medo da represália que irá sofrer.

 

Gostaria de finalizar o texto, explicando que esses fundamentos da Disciplina Positiva, na verdade, são uma filosofia de vida, um modo de encarar os desafios da maternidade e da paternidade, vencendo os obstáculos da melhor forma possível, sempre de maneira empática (nos colocando no lugar de nossos filhos).

Espero ter contribuído. Mãos à obra?

Com carinho,

Lilica.

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Expectativas Maternas

Existe fórmula para educar meu(minha) filho(a)?

Muitas amigas, conhecidas e até mesmo mães que nos escrevem através do blog, têm uma pergunta recorrente: como você educa seu filho? Quais teorias usa? Existe algum método específico? Por isso, resolvi escrever esse texto para esclarecer meu ponto de vista em relação a educação do Antonio e dividir com vocês minha forma de pensar e até enxergar a vida.

Desde antes de engravidar eu já pesquisava sobre parto, alimentação e educação, sempre tive uma simpatia muito grande com o método montessoriano, sempre quis dar uma boa alimentação ao meu filho, sem muito industrializados, gorduras trans, açúcar; sempre pensei em fazer diferente da forma que fui educada na década de 80, sem muita informação e reflexão sobre a infância e as necessidades da criança.

Pois bem, desde antes de gestar o Antonio eu sou uma ávida pesquisadora sobre métodos, técnicas e formas de educar crianças, já testei muita coisa com meu filho mas tenho chegado cada vez mais a conclusão de que nenhuma teoria é totalmente aplicável a nossos filhos, a nossa rotina, a peculiaridade de cada família.

Então, pesquiso, leio, estou sempre interessada em novos pensamentos sobre criação, alimentação, desfralde, escolarização mas tento encaixar o possível dentro da minha rotina, dentro da estrutura da minha família e da minha realidade (mãe solo). Não me frustro ou me cobro caso não consiga exatamente como desejava, afinal, não somos perfeitas, temos nossas limitações e nossos filhos nos indicam como são.

Troco sempre com a Nana (minha parceira do blog), com a minha irmã que também tem filha da idade do Antonio, amigas mães, a Tati (psicóloga do blog) para ouvir outros pensamentos, visões e posturas, mas nunca comparando filhos, me comparando como mãe, pois isso é a maior furada.

Adoro dar exemplos meu, para que fique bem claro o que estou escrevendo para vocês. Quando meu filho começou a introdução alimentar, eu li sobre o método BLW, achei interessante mas não consegui aplica-lo por completo. Eu ficava sozinha com ele, não tinha ajuda de ninguém, como administrar casa, cuidar de filho e de toda a sujeirada que esse método acaba gerando?

Então eu dava os pedaços das frutas mais durinhas, que ele conseguia segurar. E as refeições principais que eram sempre tensas e mais demoradas eu segui somente amassando os legumes em pedaços grandes. Foi o que eu consegui na época. Me culpo? De forma alguma, fiz o melhor que estava ao meu alcance naquele momento. Se algum dia eu tivesse o segundo filho com uma estrutura de vida diferente, talvez repensasse a forma de fazer com o mais novo, mas com o primeiro não rolou e tudo bem.

Eu tenho lido bastante sobre a educação positiva, tenho seguido perfis de mães e estudiosas sobre esse método e tenho me interessado. Algumas coisas já consegui aplicar aqui em casa e já me sinto uma vitoriosa mas ainda não consigo aplicar muitos pontos do método.

A gente busca informação, absorve o que tem certa concordância e aplica o que cabe dentro da nossa realidade. Esse é o mantra e tem dado certo. Nada melhor do que você, mãe, que conhece seu filho e enxerga suas limitações e segue suas intuições para saber até onde consegue chegar. O importante é você estar fazendo o melhor para o seu filho, tentando acertar sempre, mesmo caindo de vez em quando.

Bora botar a mão na massa?

Com carinho,

Lilica.

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Expectativas Maternas

Carga Mental Materna

Na sua casa: Você verifica se as unhas do seu filho precisam ser cortadas? Sabe o tamanho do pé dele? Sabe se as roupas que estão no armário estão cabendo nele? Qual é a próxima festa de aniversário que ele tem para ir e comprou o presente? Liga para marcar o pediatra e leva seu filho? Essas são algumas perguntas básicas que TODO pai e mãe deveriam responder sim para a maioria delas.

Mas a realidade nua e crua é que a maioria dessas perguntas são respondidas de maneira positiva pelas mães, que além de trabalharem fora de casa, trabalham dentro (lavando, cozinhando, passando) e cuidando dos filhos. Ahhhh mas o marido/companheiro/pai da criança, “ajuda”! Peraí que ninguém ajuda ninguém. Dentro de uma família, todos os membros colaboram, têm as suas tarefas definidas e fazem (ou pelo menos deveriam fazer) seu papel, então esse argumento de ajudar, tem sido bem rejeitado ultimamente. Pai não ajuda, pai PARTICIPA!

Ei, PARA TUDO! Se você é a mãe que está lendo esse texto, provavelmente já se sentiu sobrecarregada, mas se você é o pai que está lendo, pode não estar entendendo nada! Então, vem comigo que irei te explicar tudinho sobre essa tal de carga mental que as mulheres estão falando…

Geralmente as mães ficam com as tarefas domésticas e com as tarefas que podemos dizer “mentais”. E o que seriam essas tarefas mentais? Tomada de decisões, tomar conta dos detalhes da vida do filho, prestar atenção em situações emocionais e subjetivas que, muitas vezes passam despercebidas pelos homens. É da natureza deles ser assim? Eu, como professora de sociologia, diria que não. Todos os papéis são construídos socialmente e o papel do pai, principalmente na sociedade brasileira, é bem patriarcal e machista.

O que isso significa? Históricamente, o pai tem a função de prover financeiramente a casa e tomar as decisões importantes da família. Massss as famílias têm mudado muito e como citei acima, muitas mulheres também se tornaram provedoras da casa. Entretanto, continuaram com todo o resto das tarefas do lar e dos detalhes da família. São sobre esses detalhes que estamos falando!

Responsabilidade de sempre cozinhar, de sempre estar com as tarefas da casa como se fossem somente responsabilidade delas, pensar questões do dia-a-dia do filho, como lancheira da escola, uniforme escolar, conversar com a professora sobre a postura do filho em sala, tomar conta se a carteira de vacinação está em dia, preocupar-se com quem ficará com seu filho nas férias longas do final do ano, pensar nos presentinhos das professoras, se a escova de dente está boa para continuar usando ou precisa trocar e etc. Eu poderia continuar listando uma infinidade de tarefas que parecem bobas mas que juntas, diariamente, nos cansam demais mentalmente.

Isso se chama carga mental: uma série de tarefas que são colocadas para as mulheres como responsabilidade delas. Estamos cansadas físicamente de dar conta de tudo da casa e mentalmente por não ter com quem dividir as tomadas de decisões e atitudes cotidianas que parecem bobas mas nos tomam tempo de pensar e organizar. O que me deixa mais triste nisso tudo é que esses relatos não são de algumas mães insatisfeitas, e sim da imensa maioria das mães. Independente de classe social, de bairro, da família, mulheres estão sobrecarregadas constantemente, tendo que dar conta de grande parte das questões familiares, físicas, emocionais, mentais…

O que eu sugiro? Conversa, conversa, conversa. Explicando o grande cansaço de dar conta de muita coisa, que determinadas tarefas podem ser divididas e os pais podem (e devem) prestar mais atenção nos detalhes que geralmente são deixados para lá. Sugiro também delegar funções! Sim, pedir de forma quase que imperativa para que o paizão resolva algum problema ou seja responsável semanalmente por determinadas tarefas.

Eles precisam entender que a mulher/mãe precisa ter alguma sanidade mental para exercer as tarefas diárias dela. Caso essa mulher esteja sobrecarregada demais, ela vai pifar e o pai vai ficar perdido com tanta informação e tarefas que ela acumulava para si. Então, o primeiro passo é que o casal entenda que existe a divisão de tarefas e que os cônjuges precisam exercer essas tarefas de forma completa para que todos da família consigam exercer seus papéis da melhor forma possível. Eu tenho esperança nessa nova paternidade que está surgindo com os questionamentos das mulheres, em relação aos antigos papéis de seus maridos e companheiros.

Espero ter ajudado.

Lilica.

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Expectativas Maternas

Guarda compartilhada – o que é isso?

Temos ouvido cada vez mais o termo “guarda compartilhada” entre os amigos e nem todo mundo sabe o que é ou até mesmo confunde com outros tipos de guarda. Vou contar para você TUDO sobre guarda compartilhada, principalmente porque eu, Lilica, estou vivenciando isso atualmente com meu pequeno.

Há quase 2 anos estou separada do pai do Antonio. Nós entramos para as estatísticas dos casais que se separam antes dos dois anos do filho. Nossa relação sempre foi de boa conversa durante o relacionamento, após o término do casamento, tentamos manter a mesma postura, principalmente porque temos em comum alguém que nos interessa muito: nosso pequeno Antonio.

Após a separação, o pai do Antonio se manteve interessado nas tomadas de decisões da vida do filho, se mostrou presente nas despesas e sempre quis pegar o filho com certa frequência. Tudo isso me deixou e me deixa muito feliz, pois sei bem da importância da figura paterna para a formação da criança e eu sempre fiz de tudo para que essa situação ocorresse, para que o pai visse o Antonio e participasse da vida dele.

Então, desde o início da separação configurou uma guarda compartilhada, mas sem força legal. Recentemente, definimos isso pela justiça e atualmente Antonio tem guarda compartilhada pelo pais. A guarda compartilhada se define pela maior participação do pai nas decisões da vida do filho e pela maior presença também. Então desde 2014, através de uma alteração de lei (que abrange território nacional), a guarda compartilhada é regra para os casais separados, a não ser que o pai ou mãe abra mão da guarda ou tenha algum impeditivo grave que coloque a vida do menor em risco.

Na guarda compartilhada a residência é fixa na casa de um dos pais, podendo o menor dormir ou visitar o outro com dias fixos ou não. O que é compartilhado aqui são as tomadas de decisões entre os pais e a frequência de visitação sendo maior do que o acontecia antigamente (o famoso final de semana com o pai de 15 em 15 dias). Tanto o pai quanto a mãe estão presentes, de forma que contemple os dois genitores a participarem ativamente da vida dos filhos.

O que viabiliza a guarda compartilhada? Os pais terem bom diálogo para estarem em constante conversa sobre as necessidades, bem estar e decisões sobre o filho, e morarem relativamente próximos, pois, para funcionar todo um esquema de pegar e levar da casa de um para o outro, morando em locais opostos da cidade, dificulta bem mais este processo.

Por aqui tem funcionado esse esquema e percebemos que Antonio fica bem feliz podendo conviver tanto com a mãe quanto com o pai, pois reforça laços que são construídos cotidianamente. Seguimos na missão de educá-lo, independente da separação. É o que eu costumo dizer: quando nos separamos do marido ou da esposa, não estamos nos separando dos nossos filhos também. Esses serão para sempre nossos, não se esqueça disso.

 

Espero ter ajudado a esclarecer dúvidas,

Lilica.

 

 

 

 

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Crianças (a partir de 2 anos) Expectativas Maternas

Desfralde tardio: como conseguir?

Hoje, venho contar para vocês (mais de 3 meses depois) como meu pequeno conseguiu o desfralde. Lembram que eu tinha escrito um texto-desabafo  falando que ele já tinha quase 3 anos e não tinha desfraldado? Então, tentei recomeçar alguns dias depois que escrevi aquele texto e, por incrível que pareça, deu certo! E eu atribuo a uma série de fatores que lhes contarei.

Muitas vezes eu escrevo textos para o blog que servem como reflexão para mim, como no último sobre o desfralde. Eu realmente tinha relaxado, não estava tensa e nem cobrando meu pequeno para desfraldar, eu simplesmente já tinha me convencido que iria acontecer no tempo dele, então esperei por sinais.

Em um dos finais de semana anteriores, fomos a uma festinha que brincava com água. Então, eu fui ao banheiro tirar a fralda dele e colocar a sunga (na natação a professora já tinha pedido para ele ir sem a fralda de piscina, assim, já estava acostumado a usar a sunga sem fralda) e quando o deixei pelado, ele simplesmente se virou para o vaso sanitário, segurou o pinto e fez xixi. Não comentou que estava com vontade, nada, viu a oportunidade e fez. Vale lembrar que na casa do pai, ele já vinha treinando quando acordava fazer xixi no sapo que gruda no ladrilho do banheiro, então, atribuo essa atitude, aos treinos que já vinha fazendo.

Sapo mictório que gruda parede

Quando aconteceu essa situação do vaso, o sinal amarelo acendeu para mim, fiquei atenta, cheguei a conversar com o pediatra em uma consulta de rotina e ele me encorajou, alegando que o Antonio é esperto e entende bem os comandos do desfralde. Assim, resolvi tentar novamente. Voltei a conversar com ele que iríamos tirar a fralda porque ele já estava crescido, faria 3 anos e toda a conversa que sempre temos. A primeira semana foi a mais difícil mas nada de outro mundo, escapuliu poucas vezes, mas eu oferecia banheiro de meia em meia hora pois meu pequeno bebe muita água, então, consequentemente, faz mais xixi também.

Conversei na escola e a professora sinalizou que iria começar na segunda-feira lá também. Dessa forma, quando começou na escola, ele já estava treinando alguns dias em casa. Sempre que chegava da escola, eu o deixava o restante da tarde e da noite de cueca. Forrei um plástico no sofá, no lado em que ele se senta, para evitar qualquer tragédia. Ele foi evoluindo bem e em 3 semanas, já estava fazendo xixi no penico, vaso, no sapo e agora, pedindo. O cocô foi um pouco mais tenso, ele teve “prisão de ventre” por 5 dias, normal também, por estar aprendendo a segurar e a fazer nos locais certos. Mas depois regularizou, então, relaxamos.

Quero trazer algumas dicas que funcionaram conosco, anotem aí:

  • Compre penico, redutor de assento, livro sobre desfralde, cueca e todos os apetrechos. Vá apresentando sem pressão, pois seu filho vai entendendo e aprendendo aos poucos como tudo funcionará;

  • Não existe uma data “certa” para o desfralde, vá incentivando e prestando atenção aos sinais de que ele está pronto;

  • Caso seu pequeno não demonstre muito interesse ou sinal do desfralde, não se descabele e muito menos fique comparando ele com o amigo, vizinho ou o próprio irmão, isso só piora;

  • Não force o desfralde por interesse seu, pressão da escola ou de algum familiar, você pode gerar pequenos traumas e no futuro até prisão de ventre ou incontinência urinária;

  • Não brigue ou coloque de castigo, caso seu filho erre e faça xixi ou cocô nas calças, o começo pode ser difícil mesmo e ele está aprendendo. Nada melhor do que uma conversa, encorajando ele a continuar tentando;

  • Além do seu filho estar preparado para o desfralde, você também tem que estar, pois demanda muita paciência e tempo de ficar oferecendo banheiro várias vezes por dia e limpando o chão nas “escapulidas”.

 

Espero que tenha ajudado a minha experiência com o “desfralde tardio” do meu filho. A gente vem aqui compartilhar nossas experiências, mesmo as difíceis para mostrar que estamos no mesmo barco e também dar dicas, que podem nos ajudar e muito nas horas do desespero. Estou a disposição, caso queiram fazer alguma colocação sobre a experiência de vocês.

Um abraço,

Lilica.

 

Quer saber como a Nana conseguiu desfraldar o filho mais velho dela? Clique aqui

Quer dicas para desfralde com a pedagoga Bianca Santiago? Clique aqui

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A gente testou

Você conhece a areia “mágica” ou cinética?

Você já ouviu falar da areia cinética?

Ela também é conhecida por areia mágica justamente porque parece mágica! Ela não se esfarela com facilidade, não suja tudo, gruda fácil uma na outra, com aspecto de molhada (mas não é). Geralmente é colorida e queridinha das crianças!

Você já viu ela por aí? Geralmente é possível encontrá-la em espaços de brincadeiras que são fechados e você paga para deixar seu filho lá enquanto vai às compras no shopping. Eu já vi em algumas casas de festas também, com um tanque de areia cinética. E vi para comprar a primeira vez quando viajamos para o Chile, com ele ainda pequeno (1 ano e 3 meses), fiquei encantada e comprei mesmo sabendo que ele não usaria naquele momento. Eu nunca perco essas oportunidade, pois nunca sabemos quando vamos encontrar esses brinquedos diferentes de novo.

Fiz uma busca pela internet e achei um pacote pequeno por 100 reais, de fato não é barato, principalmente se você quiser comprar várias cores, mas na minha opinião vale a pena o investimento, nem que você deixe esse presente para um evento maior, como o aniversário ou natal.

Mas por que vale o investimento para seu filho poder brincar com essa areia da moda? Vamos lá: nem todos têm acesso a praia fácil, não é mesmo? Além da areia mágica não sujar como a areia normal, ela tem a tendência de ficar unida (por isso é mágica!) e não gruda tanto nas mãos. Pensando de forma a desenvolver seu filho, trago alguns benefícios: as brincadeiras com a areia mágica ajudam no desenvolvimento motor fino (por isso é indicado para crianças acima de 3 anos), pois incentiva a exploração sensorial como espremer, apertar, cortar, juntar, alisar e esfarelar. Com isso a criança trabalha bastante com as mãos, usando dedos isoladamente, coordenação motora, destreza manual, além da imaginação e criatividade.

Quer mais benefícios? Há indícios de que a areia cinética (ou mágica) auxilia crianças com espectro de autismo ou transtornos sensoriais a trabalhar a questão sensorial, ajudando a acalmar. Além de ser MUUUITO divertido! Meu filho brinca muito, pede sempre para brincar de areia mágica e fica inventando muitas histórias e formas.

A dica que dou é: use a areia mágica em um chão de superfície lisa e certifique que o chão esteja limpo, pois sujeiras e cabelos grudarão na areia, sendo difícil retirar depois. Eu isolo uma parte do chão que irei usar para não espalhar demais, limpo bem o chão e uso as cores diferentes separadamente para não misturar. Geralmente a areia mágica vem com algumas formas para moldar mas se não vier, você pode improvisar utilizando copos plásticos, utensílios domésticos que não ofereça risco as crianças, facas plásticas sem pontas e vasilhas pequenas. Tenho certeza de que seu filho irá AMAR!

 

Boa diversão,

Lilica.

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Expectativas Maternas

Por que mãe SOLO e não mãe solteira?

 

Provavelmente você já escutou alguma vez na sua vida o termo “mãe solteira”, para uma mulher que ousou criar um filho sozinha, seja sem marido ou mesmo sem ter o pai da criança presente dividindo a guarda. Acontece que esse termo é antigo, antiquado e está caindo em desuso, sabe por quê? Porque ser mãe não é estado civil. Você é mãe independente de ter marido, companheiro ou o pai do seu filho presente. Você e todas as outras mulheres que cuidam e criam seus filhos são mães e ponto final.

Me lembro bem que o Papa Francisco foi muito feliz quando fez o seguinte comentário: Mãe não é estado civil. Por isso, não existe mãe solteira”. Pronto, ele explicou em uma frase (impactante) o que muita gente confunde. Temos que adjetivar as pessoas pelas coisas boas e o termo “mãe solteira”, muitas vezes, carrega uma conotação negativa, um termo que socialmente acaba sendo negativo para a mulher, de falha, de abandono (que muitas vezes é!).

Já parou para se perguntar por que o termo “pai solteiro” não existe? Porque em grande parte do mundo, a mulher tem o maior dever para com os filhos, mas sabemos que não é bem assim, principalmente legalmente, o pai tem que estar presente materialmente e também afetivamente, mas muitas vezes não está e fica por isso mesmo.

Por isso, há alguns anos venho notando uma mudança na forma de nomear essas mães que são sozinhas na criação de seus filhos (por vários motivos): Mãe SOLO. Esse tem sido o adjetivo que mais consegue se aproximar das mães que criam seus filhos sozinhas, ou fazem guarda compartilhada, afinal, nos momentos em que ela está com o filho, ela está sozinha, não tem alguém para dividir essa tarefa tão difícil que é criar filhos. Ser mãe solo, significa ser mãe independente de estar solteira, divorciada, separada, casada novamente. A mãe solo é responsável por seu filho, sozinha em todos os momentos em que ele está sob a custodia dela, então é solo por ser sozinha na criação. Sobre a sua situação civil, pouco importa.

O mundo anda bem mais empático de alguns anos para cá. Ainda bem! E com isso, conseguimos levantar algumas questões que até então eram tabus ou estigmatizadas. Esse é um deles que tem sido levantada a questão ultimamente, e eu, como mãe solo há um ano e meio, tenho dado bastante valor, porque afinal, vivencio na pele todo o preconceito e o peso que uma mãe sozinha carrega socialmente. Espero ter explicado de forma simples a diferença dos termos e a importância de mudarmos nossa visão e, consequentemente, nossa forma de falar sobre as mães solos.

Com carinho de uma mãe solo,

Lilica.

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Expectativas Maternas

Filhos de pais separados: como ficam?

Fotografia: Palloma Campello

Olhando a imagem acima, se vocês não conhecessem um pouco da minha história, vocês diriam que essa foto foi tirada há algumas semanas? Sim, ela foi feita no aniversário de 3 anos do Antonio, nosso filho. Mas faz um ano e meio que estamos separados, eu e o pai dele.

E o que eu quero mostrar com essa foto?! Que sim, é possível estar separado do pai do seu filho(a) ou da mãe do seu filho(a) e ainda assim manter uma relação de respeito e cordialidade. É fácil? Se dissesse que sim, estaria sendo hipócrita e mostrando um mundo de fantasias, que não existe.

A verdade é que nem sempre foi assim: o início da separação costuma ser bem tensa, sempre tem uma parte que sai machucada, que não gostaria de acabar o relacionamento. A gente sente raiva, abandono, mágoas, muita tristeza e uma sensação absurda de que não dará conta sozinha do recado. Os meses passam, passa o primeiro ano, o segundo… As coisas começam a entrar nos eixos.

Mas o que fica de mais importante nisso tudo aí, no relacionamento de anos, apartamento, carro, viagens, lembranças, são os filhos! Sim, quando nos separamos, estamos terminando uma relação com o cônjuge e não com os filhos. Isso nós temos que ter muito claro em nossas mentes, porque ele não pode ser prejudicado de forma alguma.

Existirão desentendimentos, principalmente financeiros, de divisão de bens, de fixação de pensão, dias de visitação, mas NADA disso pode atrapalhar a vida dos filhos. Se quiser brigar, discordar, bater boca, faça tudo isso longe deles, não deixe eles presenciarem as brigas, pois se sentirão culpados por toda essa confusão, além de uma tristeza profunda. Geralmente os filhos gostam dos dois igualmente, do pai e da mãe.

Outra coisa que não devemos fazer de forma alguma é falar mal do pai ou mãe da criança, mesmo que ele/ela esteja vacilando e errado(a), pois quando falamos coisas ruins a respeito de quem elas gostam, ficam perdidas, pois a fala veio de alguém que ela também ama, então o filho(a) acaba sendo manipulado pelos pais, às vezes, por ambos, ao mesmo tempo! Imagina a cabeça dessa criança…

Devemos nos colocar no papel de adultos, pais, responsáveis pela saúde mental e psicológica dos nossos filhos. Além de tudo isso que falei acima ser considerado alienação parental (eu vou escrever um texto somente sobre isso) é também crime!

Os pais separados não devem perder o diálogo nunca, pois terão em mãos uma missão eterna que é educar, cuidar e amar seus filhos, mesmo que não estejam mais juntos. Aquela família tradicional que morava sob o mesmo teto e tinha atividades em comum diariamente pode ter acabado, mas a família da criança será sempre seus pais, por isso é desejável uma interação razoável entre eles, pois irão se comunicar e se relacionar por longos anos, principalmente os pais que optarem pela guarda compartilhada.

Portanto que esse novo cenário (de pais separados) deve ser o melhor possível, o menos turbulento para os pais e filhos. Pois essas marcas eles carregarão para sempre, de uma convivência minimamente razoável ou simplesmente de confusão, brigas e discórdias. O que você deseja deixar para seu filho?

Não é fácil, nunca foi, tento diariamente, é um exercício. Se brigávamos enquanto casados, imagina separados? Mas estamos conscientes de nossos papéis e tentando fazer o melhor pelo nosso bem maior, nosso Antonio.

Lilica.

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Crianças (a partir de 2 anos)

Não consigo desfraldar meu filho, e agora?

Hoje eu venho trazendo um tema difícil para muitos pais e mães: como lidar com o desfralde difícil de acontecer ou até mesmo “demorado”? E até mais: como lidar com os pitacos e com as opiniões das pessoas que vêem seu filho de quase 3 anos usando fralda?
Não é nada fácil, gente, e eu não venho trazendo a fórmula. 
Para ser sincera, meu filho ainda não desfraldou e ele faz 3 anos no final do mês. Eu estou desesperada por isso? Inacreditavelmente NÃO… Percebi que minha ansiedade e nervosismo só pioravam as coisas e se está tudo bem com ele, respondendo fisicamente e psicologicamente, ele vai chegar no desfralde no tempo dele.
A primeira coisa que devemos fazer é… ter PACIÊNCIA. Sim, com letras maiúsculas. A sua ansiedade, pressa ou nervosismo não vai fazer nada andar mais depressa, às vezes, muito pelo contrário, pode gerar pequenos traumas. Criança com dificuldade de fazer o xixi ou cocô de tanto prender ou não conseguir segurar, justamente por medo. Então, comece relaxando lendo esse texto e sabendo que você tem que ter o triplo de paciência para um desfralde demorado ou difícil.
A segunda coisa que devemos refletir é que geralmente lemos muitas coisas na internet e muitas pessoas nos dizem que o desfralde deve ser feito entre 2 anos e 2 anos e meio mas e se seu filho não se encaixa nesse perfil? Você pira, né? Provavelmente. Mas não deveria, porque se está tudo bem com ele fisiologicamente, fisicamente, emocionalmente, as coisas vão acontecer no tempo dele. Não existe um tempo certo ou errado, existe um tempo médio e que as crianças se encaixam nesse tempo ou não.
Exatamente como acontece com andar ou falar, o desfralde precisa acontecer de forma natural e no tempo da criança, quando ela der sinais e mostrar que está pronta para dar aquele importante passo na vida dela. Não importa se com 2, 3 ou 4 anos. Nós, pais, temos que entender que não é forçando que tudo vai fluir melhor, muito pelo contrário, eu sou péssima sob pressão, outras pessoas também podem ser como eu, então vamos nos colocar no lugar deles.
Outro passo importante para quem já tentou o desfralde algumas vezes sem sucesso foi comprar penico, livros com histórias de desfralde, cueca, mostrar desenhos e se mostrar como exemplo indo ao banheiro. Eu já fiz isso tudo e não adiantou efetivamente. Mas calma, não adiantou agora, no tempo que eu gostaria mas na cabecinha dele pode estar amadurecendo essa ideia que em algum momento vai.
O mais chato de tudo isso não é você continuar trocando fraldas até os 3 anos de idade e sim os olhares tortos e pitacos dos amigos, conhecidos e parentes. Eu como experiente nesse assunto, já coloco a minha ‘cara de alface’ que fica prontinha esperando ser usada porque ninguém merece ficar passando pelo difícil e cansativo processo do desfralde e um “infeliz” ainda resolver dar uma opinião que muitas vezes não é construtiva ou de fato não ajuda em alguma coisa. 
Quando alguém me pergunta espantado “ele ainda usa fralda?”, eu respondo que sim balançando a cabeça com um sorriso amarelo e pronto, a pessoa se manca. Mas quando ela insiste em me questionar, eu digo que estou aceitando pessoas que me ajudem a limpar o chão e a lavar cuecas de cocô sendo mãe solo (com um sarcasmo na fala) e é tiro e queda!
De qualquer forma, não existe fórmula de bolo, não existe receita pronta! Faça a sua parte, comprando os itens necessários, incentivando, conversando e se mesmo assim você se sentir insegura, converse com o pediatra do seu filho, nada melhor alguém que acompanha ele há anos ou desde o nascimento para saber se ele pode ter algum tipo de problema. Descartado isso, relaxe que no momento dele, ele vai te mostrando sinais e você vai ajudando na condução do desfralde. 
Esse é um momento importante para a vida físico-emocional do seu filho e você tem que estar tranquila para ajudá-lo, não insistir e cobrá-lo exaustivamente. Quando acontecer o desfralde por aqui, escrevo novamente explicando o que funcionou com meu filho. Por enquanto estamos tendo muitas conversas e tentativas de acerto com o penico ou vaso. 
 
Com carinho, 
Lilica. 
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Questão de saúde

Dicas de convívio e manejo de crianças com síndrome de Asperger

O material abaixo foi desenvolvido inicialmente para professores e escola, como recurso que facilite o entendimento do perfil e das necessidades especiais da criança com síndrome de Asperger. A introdução é composta da tradução do trecho de um livro cujo autor é autoridade no assunto, seguida de uma lista prática (elaborada pela autora do blog, psicóloga e pesquisadora do assunto) repleta de dicas de manejo da criança com Asperger, com exemplos que facilitem a compreensão das situações apresentadas e comumente encontradas no dia a dia de quem convive com a criança.

Uma ideia aos pais é que compartilhem esse material com o professor sempre antes do início do ano letivo, e o utilizem como ferramenta de apoio para conversar com a escola sobre as necessidades da criança com Asperger.

No entanto, embora os pais sejam aqueles que sabem em primeira mão como é a realidade do dia a dia com a criança, até mesmo eles podem se beneficiar das informações a seguir, para ampliar sua compreensão técnica do quadro e colher mais dicas, que podem facilitar significativamente a qualidade de vida de todos.

A utilização desse material se estende, ainda, a familiares, amigos e todos aqueles que precisem compreender melhor o funcionamento da criança que esteja no espectro do autismo, particularmente as com síndrome de Asperger.

 

Trecho do livro: THE AUTISM DISCUSSION PAGE: ON ANXIETY, BEHAVIOR, SCHOOL AND PARENTING STRATEGIES (PÁGINA DE DISCUSSÃO DO AUTISMO: SOBRE ANSIEDADE, COMPORTAMENTO, ESCOLA E ESTRATÉGIAS PARA OS PAIS), de Bill Nason

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“A ajuda começa e termina com entendimento. A coisa mais importante que um professor pode fazer para ajudar uma criança com a Síndrome de Asperger é aprender sobre a desordem, para que os comportamentos em sala de aula e problemas durante o aprendizado sejam compreendidos e não mal interpretados. Assim como a honestidade direta típica em Asperger pode ser interpretada como rudeza, também as ações pouco usuais de uma criança com a síndrome podem ser interpretadas como comportamento disruptivo.

É importante lembrar que uma criança com Asperger não tem a mesma capacidade de verbalizar/comunicar suas necessidades como o faz uma criança típica, então o professor deve poder ajudar essa criança a identificar o problema subjacente, que poderia ser um barulho ou cheiro incômodo (incluindo aqueles que nem sempre percebemos), uma frase ou palavra com associações negativas, frustração quanto a algo que não funcione perfeitamente, algum tipo de roupa que incomode, etc.

Os problemas de comportamento de crianças do espectro autista podem se apresentar de muitas formas, incluindo birras, andar ou correr pela sala, desatenção, pular, gritar ou fazer sons estranhos, atividades de autoagressão, cobrir o rosto, olhos, boca ou ouvidos, jogar coisas no chão ou pela sala, falar consigo mesmas, colocar ou tirar peças de roupa, engajar em atividades ou movimentos repetitivos, dentre outras coisas. Pacientemente avaliar a situação e tentar encontrar o foco do incômodo é a chave, e manter registros de comportamentos inadequados pode ser muito útil para ajudar a identificar os gatilhos de ansiedade (hora do dia, tipo de atividade, local, etc.).

Entender a situação ajudará o professor a modificar seu comportamento de forma a evitar problemas em potencial. Por exemplo, estar ciente de que crianças com Asperger geralmente são literais e buscam “exatidão, perfeccionismo”, é importante. Para uma criança que pensa dessa forma, imagine as dificuldades que podem surgir se o professor disser: “Não se mexam até eu voltar” ou “Pinte esse quadro da mesma cor da parede”. Gírias são um problema.

Aceitar o “mais ou menos, o conceito aproximado” das coisas permite que a maioria das pessoas siga adiante e complete as tarefas. Para uma criança com Asperger, no entanto, tais instruções podem levar à frustração: não poder se mexer por um tempo mais longo será impossível, as cores dos lápis não são exatamente da cor da parede. Assim, a frustração levará à raiva e ao comportamento disruptivo, não por más intenções, mas por uma tentativa honesta de seguir uma demanda impossível.

Crianças que estejam inseridas no espectro do autismo têm estilos de aprendizagem que, muitas vezes, diferem do que geralmente funciona para alunos sem o transtorno. É importante que o professor conheça o funcionamento dessas crianças, para que as estratégias de ensino surtam efeito e para que sejam avaliadas adequadamente.

A criança com Síndrome de Asperger pode se sentir mais à vontade para participar de atividades acadêmicas do que para brincar (o recreio pode ser fonte de profundo stress e não raro preferirão passá-lo na companhia do professor). Pode ser mais fácil lidar com a estrutura explícita de uma tarefa de aprendizagem, desde que não seja essencial a interação social com outras crianças (certamente preferirá trabalhos individuais e apresentará stress e inabilidade em atividades de grupo).

Devido à natureza sutil e penetrante da limitação, o professor também precisará atuar num nível igualmente sutil e penetrante, para estar presente na construção do dia da criança, exercendo, quase sempre, a função de tradutor, intermediário e amigo, para além do seu papel clássico de professor.

É importante que exista um diálogo entre o professor e os profissionais da saúde que estejam acompanhando a criança, bem como com a família, que geralmente funciona como recurso informativo importante sobre o funcionamento da criança”. (Bill Nason, 2014)

De modo prático e resumido, o quadro a seguir apresenta uma lista dos principais cuidados que o professor que lida com crianças do espectro autista precisa observar:

PARA O PROFESSOR

CHECKLIST DE CUIDADOS ESSENCIAIS COM ALUNOS NO ESPECTRO AUTISTA, COM FOCO NA SÍNDROME DE ASPERGER

Por Audrey Bueno

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1 – Um dos principais fatores causadores de ansiedade e desorganização interna em crianças do espectro autista é o fator sensorial: barulhos, muitas vozes juntas, insistir em continuar falando com a criança quando ela já demonstra sinais de ansiedade, tocá-la, segurá-la, abraçar forte ou pegar no colo, esbarrar nela, puxá-la pela mão ou braço, luzes fortes, cheiros (perfumes, produtos químicos, alimentos), ambiente agitado com muita conversa ou gritaria, impossibilidade de retirar-se para um local mais calmo e longe do grupo quando necessitar, roupas ou acessórios de vestimenta incômodos, temperatura do ambiente, tudo isso pode causar uma hiperestimulação sensorial que descompensa a criança, aumentando muito seu nível de stress e ansiedade, levando a comportamentos exacerbados do espectro autista frente a situações difíceis: fechar-se em si mesma, desligar-se das atividades do ambiente, falar sozinha, focar a atenção em algum objeto ou brincadeira repetitiva, gritar, tornar-se irritadiça ou agressiva (às vezes, auto agressiva, ou seja, ferindo a si mesma), dentre outros sinais de ansiedade típicos do autismo, conforme item 6 dessa lista.

2 – Outro fator central causador de ansiedade é a interação social. Momentos que são geralmente agradáveis para crianças típicas, podem ser um pesadelo para crianças com Asperger. Dentre esses momentos estão o recreio, as brincadeiras em grupo, festas ou o caos da hora da entrada e saída da escola. Estas crianças preferem a estruturação e calma da sala de aula, em períodos de atividades pedagógicas, pois são momentos mais previsíveis, tranquilos, com barulho e agitação reduzidos e sem a necessidade de lidar com as surpresas e incertezas da interação social. O próprio fator sensorial contribui para um maior retraimento social, pois grupos, principalmente de crianças, tendem a ser barulhentos, além da natureza das brincadeiras ser mais agressiva e física, coisas que incomodam e assustam a criança com Asperger.

3 – O fator surpresa deve ser evitado: mudança e falta de previsibilidade causam ansiedade e pânico. Se a criança for pega de surpresa diversas vezes, pode acabar não querendo mais frequentar a escola pela insegurança de nunca saber ao certo o que vai acontecer por lá. É preciso explicar cada coisa diferente que for ocorrer antes de ocorrer, trabalhando a mudança de forma gradual, preparando a criança de forma que ela saiba o que esperar. Não partir do pressuposto de que a criança sabe o que vai acontecer apenas por uma introdução sem maiores detalhes. Por exemplo, a criança até concordou em participar dos ensaios para a apresentação de uma data festiva na escola. Durante os ensaios, estão presentes poucas pessoas – professor e colegas – , o ambiente está vazio, tranquilo, e a música é tocada mais baixa, inclusive porque o professor já foi alertado quanto à sensibilidade auditiva da criança e, respeitando isso, toma o cuidado de pôr a música num volume mais ameno. Então, perguntam à criança: ‘Você vai querer dançar no dia da apresentação?’ A criança responde que sim, afinal, no entendimento literal dela, todo dia de ensaio tem sido ‘dia de apresentação’. A dança e a música tem sido sempre iguais, portanto, por que não participar, certo? Errado. Os detalhes de cada evento devem sempre ser explicados. No exemplo, o que não foi explicado a essa criança é que o ‘dia da apresentação’ é um dia DIFERENTE, que haverá muito mais gente, que são pessoas que ela não conhece (os pais e familiares dos colegas), a música estará mais alta, o ambiente estará muito mais lotado e barulhento, haverá uma salva de palmas calorosa (assustadora para uma criança com Asperger) e ela não vai poder parar tudo para ir ao banheiro.

E, como já podemos imaginar, ela provavelmente dirá que não quer participar, o que deve ser respeitado e jamais se deve insistir. Dar à criança voz para dizer o que a incomoda é uma estratégia importante de sobrevivência que ela vai precisar desenvolver na vida, e ela só a desenvolverá se ouvirmos e respeitarmos suas escolhas. Isso significa para escola e pais que terão que abrir mão de certas convenções ou expectativas sociais, que não terão aquela filmagem bonitinha de apresentação do “Dia do Índio”, que serão alvo de olhares ou perguntas dos outros pais, mas é importante lembrar o que é mais importante: sacrificar o bem-estar da criança e expô-la ao pânico para cumprir com as expectativas dos outros, ou respeitar e acolher sua fragilidade, aceitando-a como ela é e ensinando-a a abraçar sua individualidade e ter orgulho de si mesma.

Festas são geralmente motivo de forte ansiedade para as crianças do espectro autista, pois são uma combinação de fatores sensoriais bastante estressantes para elas, dentre eles: barulho, muitas pessoas juntas (falando, se mexendo, gritando), toques, esbarrões, pessoas lhes dirigindo a palavra e esperando respostas sobre assuntos que ela não compreende muito bem, configurando a expectativa de interação social e pressão constante, agito e sensação de não ter um local calmo e seguro para se retirar quando o stress estiver intenso. Além disso, as festas com temas podem conter elementos surpresa que costumam ser assustadores para estas crianças: podem haver balões sendo estourados, crianças brincando de forma intensa (correria, gritaria, empurra-empurra, etc., principalmente quando há jogos ou competições, como em festas juninas ou gincanas), Papai Noel chegando de surpresa, Coelho da Páscoa pulando na frente da criança, palhaço puxando a criança pela mão ou levantando a criança no colo, brincadeiras populares como “Olha a Cobra” (todos gritam e se assustam), Dança de Quadrilha em Festa Junina (passar num túnel de gente pode ser assustador), etc.

4 – Dar sempre à criança a opção de não participar se não quiser, para que sinta a segurança de saber que não será obrigada a permanecer em situações estressantes demais para ela. Uma estratégia recomendada é sempre informar à criança o que vai acontecer e perguntar se ela deseja ou não participar, dando sempre duas opções concretas para ela escolher, por exemplo: “Todos irão agora fazer uma brincadeira de bola na quadra. Vamos jogar a bola uns para os outros, correr e fazer exercícios. Você quer participar ou quer ficar com a Professora “X” no lugar “Y”?” – Pode-se perguntar: “Você gostaria de apenas assistir?” E, em caso de respostas negativas, deve-se sempre dizer: “Tudo bem, não tem problema se você não quer participar. Você vai ficar com a professora “X” no lugar”Y” e, se mudar de ideia, é só pedir à professora para te levar na quadra, tudo bem?” – O tom neutro e a escolha das palavras (as sugeridas são ideais) ao perguntar se a criança deseja participar é muito importante, pois não pode haver insistência. Crianças inseguras e ansiosas podem concordar em participar sem que de fato queiram, por medo de contrariam o adulto que fala com elas em tom de poder, insistência e com elevação de voz. Isso é muito perigoso, pois uma fobia escolar e social pode se instalar. É importante lembrar que esse tipo de fobia é especialmente comum em crianças com Asperger, portanto, todo cuidado é pouco. Uma analogia que pode ajudar a entender como deve ser o trato com essas crianças é imaginar que seja como passarinhos silvestres: se falar alto, apertar, gargalhar, tentar pegar, o passarinho voa para longe, assustado. Se deixar as migalhas de pão (as oportunidades de participar) disponíveis para quando o passarinho quiser pegar, há maiores chances dele se aproximar. Cuidado com frases do tipo:

– “Vamos lá! Agora vai todo mundo!” (a criança pode se sentir acuada e entender literal, ou seja, já que todos irão, ela terá forçadamente que estar no meio);
– “E se a gente for só hoje?” (insistência)
– “Ah, mas você vai perder a brincadeira de bola???” (tom que indica que a criança está fazendo algo errado)
– “Meninos, para a quadra!” (tom de ordem e que, novamente, além de deixar a criança acuada, também a deixa confusa, se ela for um menino, por exemplo)

5 – Aplicar estratégias de “descompressão” do stress: o silêncio é sempre a melhor medida, mas sabemos que nem sempre é algo possível num ambiente coletivo como a escola; é preciso poder identificar quando há ansiedade e oferecer à criança recursos para relaxar, como ter um canto tranquilo em que possa se recolher sempre que precisar, suavizar demandas e dar a opção de fazer novamente uma atividade mais tarde se quiser, simplificar/modificar orientações e tarefas, encurtar o tempo em que se continua solicitando uma mesma coisa em que a criança já demonstra relutância, alternar exigências com atividades livres, controlar barulhos e agitação do ambiente, estar atento à temperatura, cheiros, iluminação no local, sempre lembrando de oferecer um outro lugar mais tranquilo à criança caso o ambiente não tenha como ser controlado naquele momento, o que é comum quando as crianças estão participando de alguma atividade mais agitada, como jogos, atividades físicas, etc. Permitir que a criança tenha acesso a um objeto preferido, como um paninho, chupeta ou brinquedo especial, também pode ajudar bastante.

Um recurso simples e que pode funcionar bem ao propósito desse item é ter um espaço com almofadas diversas (dependendo da infraestrutura, pode até ser num cantinho da própria sala de aula, atrás de uma estante de livros para dar alguma privacidade, por exemplo), e estabelecer uma regra geral de que caso alguém se sinta cansado, pode ir deitar um pouquinho na almofada, mas que se for lá é preciso ficar quieto e fazer silêncio, pois é uma área de descanso. Apresentar o novo cantinho das almofadas como regra de acesso geral ajuda a criança com Asperger a não se sentir alvo dos olhares dos colegas, pois as almofadas são para todos, ajuda as outras crianças a não se sentirem enciumadas por entenderem o novo espaço como algo criado apenas para “uma criança” e, ainda, todos podem se beneficiar do clima de acolhimento e respeito às necessidades de cada um e a sala ganha um ar mais aconchegante e humano.

Na vida, o convívio com pessoas mais sensíveis nos ajuda a desenvolver nossa própria sensibilidade e humanidade. Uma criança com Asperger pode ter muito a contribuir nesse aspecto, nos ensinando a valorizar pequenas coisas e a atribuir-lhes grandes significados. Instituições que sigam um padrão rígido de funcionamento, incapaz de abraçar a individualidade, não são escolas recomendadas a crianças com quaisquer tipos de sensibilidades extras, incluindo as com síndrome de Asperger.

6 – Aprender a reconhecer os sinais de ansiedade e desconforto, que são, muitas vezes, demonstrados pela criança de forma diferente do padrão encontrado em crianças sem o transtorno. Crianças do espectro autista têm dificuldade em expressar o que estão sentindo. Isso significa que em vez de chorar e falar diretamente que não gostou ou que quer algo, esta criança pode simplesmente ficar paralisada, engajar em atividades repetitivas, estereotipias (movimentos repetitivos das mãos, falas repetidas, etc.), falar sozinha ou dizer coisas sem muito sentido, parecer desatenta (fechada em si mesma), focar a atenção em algo simples e mecânico, como um objeto que abre e fecha, texturas de alguma coisa do ambiente ou brincadeiras simples. Podem ainda gritar, pular ou falar sem parar como se estivessem hiperativas ou exageradamente felizes, bem como querer ir muito ao banheiro ou tomar muita água, geralmente como estratégia para se ausentar do local ou interromper uma atividade, afastando-se dos agentes estressores. Elas nem sempre têm consciência do que as incomodam e podem “culpar” outras coisas ou pessoas que nada têm a ver com a questão, muitas vezes de forma rude, quanto maior for o nível de ansiedade. É preciso compreensão nesse momento, lembrando que tal atitude não é intencional.

 

A seguir, estão outras ações importantes de serem consideradas pelo professor:

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• Antecipar o que irá causar ansiedade e fazer as alterações necessárias. A melhor medida é evitar a ansiedade sempre que possível. Achar que a criança ‘precisa aprender a lidar com isso’ – o que é uma postura comum com crianças típicas – e, portanto, expô-la à situação difícil para que ‘enfrente’ o problema pode ser muito perigoso. Em vez de enfrentar a situação, a criança com Asperger pode desenvolver uma fobia debilitante. O tempo da criança deve sempre ser respeitado. O enfrentamento deve ser estimulado de modo muito gradual, ou seja, em pequenas doses de cada vez, sempre perguntando à criança se ela deseja participar e sempre informando previamente o que irá acontecer, como já descrito no item 4 da lista acima. Também é importante que seja no momento certo, que nunca é quando algum stress anterior já tiver ocorrido ou após um longo dia. Se, por exemplo, a criança já esteve exposta ao barulho e agitação do recreio, um colega a empurrou ou uma pessoa estranha veio fazer uma palestra na escola, este certamente não será um bom dia para querer que a criança enfrente o seu medo de festas, querendo que participe de uma logo mais, afinal, seu sistema nervoso já estará suficientemente sobrecarregado pelos eventos anteriores.

• Compreender a capacidade limitada da criança para entender o funcionamento social e sempre explicar o que aconteceu para ela. Por exemplo, ela pode não compreender o conceito de “foi sem querer” e bater no colega que havia apenas esbarrado nela por ter entendido aquele esbarrão como agressão. Ser tolerante com o fato de que ela pode não entender mesmo após a explicação e maleável, não forçando a criança a pedir desculpas se não entendeu o porquê. Pode-se dizer ao colega que esbarrou sem querer algo do tipo: “O Paulo está nervoso e não consegue pedir desculpas agora, vamos esperar que se acalme primeiro.”, já afastando as crianças uma da outra disfarçadamente.

• Não insistir para que a criança dê “oi” e “tchau”. O adulto deve sempre servir de modelo, cumprimentando e se despedindo, mesmo que não obtenha resposta, mas de forma breve, sem insistir e mudando logo o foco, até que um dia, por imitação, a própria criança resolva começar a fazê-lo por si só, o que pode levar anos em comparação às crianças sem o transtorno.

• Intermediar e direcionar a interação da criança com os colegas de sala, como forma de contornar a ‘falta de tato’ comum em crianças com Asperger, além de aproveitar a oportunidade para ensinar o comportamento apropriado. Esse, aliás, é mais um motivo pelo qual manter a criança com Asperger sentada sempre na carteira mais próxima possível do professor é importante. Isso também ajuda o professor a monitorar bullying. É importante ajudá-las a estruturar as frases, dar modelos de frases prontas a elas. Só dizer “Isso não foi gentil.’, esperando que ela saiba o que dizer, não adianta. A ajuda deve ser mais concreta, dirigida, por exemplo: o Paulo – que tem Asperger – quer a borracha do colega e diz “Dá aqui essa borracha!”, ao que o professor intervém dizendo ao colega: ‘O que o Paulo está querendo dizer é que está pedindo sua borracha emprestada, não é Paulo? Então, Paulo, diga assim para o seu colega: ‘Você pode me emprestar a sua borracha, por favor?’… e não esperar que a criança reproduza a frase que acaba de ser ensinada imediatamente, pois ela precisará de tempo para processar a informação, além do que qualquer foco de olhares ou expectativa sobre ela a deixarão ansiosa o suficiente para não só não conseguir reproduzir aquela frase naquele momento, como ainda pode fazer com que piore a situação. Essa estratégia de não focar muito o olhar ou atenção na criança que fez algo inadequado serve, inclusive, para crianças com quadros de ansiedade em geral, e não somente para as com Asperger.

• Interpretar situações para a criança. Por exemplo, ela tropeça no pé do colega e acha que o colega ‘quis’ derrubá-la, precisando de auxílio para compreender o que houve realmente.

• Compreender as dificuldades sutis de linguagem e comunicação (por exemplo, crianças do espectro autista têm dificuldade em falar sobre si mesmas ou em formular opiniões sobre outras pessoas, têm dificuldade em compreender os turnos na conversa, ou seja, quando é a vez de quem falar, e podem interromper ou começar a falar quando deveriam fazer silêncio, por exemplo). Nunca puni-la ou expô-la socialmente. Uma boa dica para o professor lidar com situações difíceis é observar o próprio tom de voz: a criança com Asperger pode ser mais sensível ao tom de voz usado do que às palavras ditas. Quanto mais amável, baixo e amistoso o tom de voz utilizado pelo professor, mais coisas ele conseguirá com essa criança.

• Crianças no espectro do autismo também têm um pouco mais de dificuldade para assimilar o conceito de ‘eu’ e ‘você’. Assim, podem atribuir sentimentos ou ações próprias a outras pessoas, como se projetassem o que sentem no exterior. Por exemplo, elas querem tomar sorvete e dizem para você: ‘Você quer muito tomar sorvete, não é?’. Podem trocar pronomes (‘meu’ e ‘seu’, ‘eu’ e ‘você’, por exemplo), ou palavras que reflitam a troca entre ‘eu’ e ‘outro’, como dizer ‘Pergunte!’, enquanto o que queriam dizer de verdade seria: ‘Responde!’, quando esperam sua resposta para uma pergunta que tenham feito.

• Não insistir para que a criança responda uma pergunta a que já tenha demonstrado alguma relutância inicial. Perguntas pessoais são muito difíceis para essas crianças, como, por exemplo, o que fizeram no fim de semana, qual a idade ou o nome delas. Quanto mais familiaridade e intimidade com a pessoa elas desenvolvem, maiores as chances de responderem melhor, mas, mesmo assim, nem sempre o farão. Uma dica para estabelecer um bom vínculo com essas crianças, aliás, é nunca fazer muitas perguntas.

• Compreender as origens e função da rigidez e obsessão no comportamento da criança, geralmente expressa na forma de rituais, que são comportamentos repetitivos, popularmente chamados de manias. Para quem não compreende o transtorno, muita coisa acaba sendo interpretada como “manha”, quando na verdade não é. Assim, a criança geralmente não consegue ter controle sobre a insistência de cumprir o comportamento repetitivo em questão. Se ela, por exemplo, insiste em tomar água somente num determinado copo ou tem que fazer um mesmo desenho toda vez antes de sair de casa ou da sala de aula, é por que tal comportamento serve para ajudá-la a lidar com alguma ansiedade específica para a qual ela ainda não desenvolveu recursos internos suficientes que lhe permitissem lidar com a situação de outro modo, ou seja, nesse momento da vida, o cérebro dela só codifica essa forma de resolução de problemas. Assim, é preciso compreender que o não cumprimento da ação pode acarretar em descompensação psíquica e emocional¹ bastante nociva para a frágil regulação interna da criança. Esse tipo de mania obsessiva tende a melhorar com o uso de medicamentos, mas dificilmente sumirá por completo.

¹ A descompensação emocional se parece muito com uma birra típica, o que gera a interpretação equivocada das pessoas de que o comportamento se trate apenas de ‘manha’, mas, no caso dessas crianças, existem certas particularidades em como essa birra se manifesta e qual a função dela. Enquanto uma criança típica faz birra por que quer um brinquedo ou não quer ir embora do parque, a criança com Asperger faz birra porque o paninho dela está na cadeira da direita em vez da esquerda ou porque alguém encostou a mão no livro que ela estava lendo. Os motivos do que ocasionou a birra nem sempre ficam claros para os outros e algo aparentemente insignificante toma proporções gigantescas. As birras de crianças com Asperger são mais intensas e duradouras, e os efeitos do stress podem se estender por dias após o ocorrido, desregulando o sono, o apetite, o estado de ansiedade e aumentando os comportamentos típicos do autismo. Dependendo da situação, uma fobia pode se instalar.

• Analisar ou simplificar as atividades que causem alarme.

• Prestar apoio à criança nas atividades físicas, caso haja problemas de destreza, como vestir-se ou limpar-se. Como existe alguma alteração motora, deve-se ter atenção a locais potenciais para quedas ou acidentes, uma vez que essa criança tende a tropeçar bastante e bater o corpo/a cabeça em quinas ou paredes. Não é incomum que se tenha a impressão da criança ser desastrada e de observar que derruba as coisas com frequência.

• Estar preparado para os períodos de ansiedade com atividades adequadas de redução da tensão, como, por exemplo, alternar atividades de atenção com outras livres, oferecer a opção de um local mais tranquilo ou acesso a um objeto preferido. Perguntar aos pais o que é possível fazer nesses momentos, ou seja, o que ajuda nessas horas, é fundamental.

• Prestar apoio na ligação casa/escola e registrar os progressos e acontecimentos, tanto para compartilhar a informação com os pais caso notem alguma alteração no comportamento da criança em casa, como para eventuais relatórios que tenham que ser emitidos aos profissionais que acompanham a criança.

• Além do tom de voz, observar a maneira com que interage fisicamente com a criança, e o excesso de estimulação sonora, visual, tátil, olfativa ou de paladar, lembrando que essas crianças têm sensibilidades sensoriais. Quanto mais calma e delicadeza a criança perceber no trato com ela, mas acessível ela se mostrará e maior a confiança dela no professor. Beijos “estalados” perto do ouvido, abraçar a criança enquanto fala (o que acarreta em estar falando com ela com a boca muito próxima do ouvido sensível que elas têm), tirar a blusa da criança com pressa (a blusa pode passar apertada pelas orelhas e nariz, e causar dor), pentear o cabelo, escovar os dentes dela, subir demais o zíper da blusa de forma que “enforque”, por a meia e puxá-la muito (o que aperta mais os dedos na frente), enfim, tudo deve ser sempre com delicadeza e atenção aos detalhes referentes aos 5 sentidos.

• Respeitar a necessidade de isolamento da criança quando houver estímulo social em excesso (nunca forçando-a a interagir ou permanecer numa atividade de grupo), compreender o receio da criança em fazer parte de situações que a coloquem como “centro das atenções” ou exponham suas dificuldades (apresentações, perguntas para a classe toda ouvir, etc.), pois elas percebem que são diferentes e podem se retrair ainda mais socialmente se sentirem rejeição, vergonha ou cobrança excessiva sem apoio emocional, em especial pelo adulto que têm como fonte de referência e segurança no ambiente escolar, que geralmente é o professor. Castigos que expõem a criança publicamente, como chamar a atenção ou perguntar por que ela fez algo na frente de todos, ir para o canto da sala “pensar” ou escrever algo na lousa NUNCA devem ser ações adotados.

• Solicitar ajuda e respaldo técnico sempre que sentir necessidade, estabelecendo comunicação com pais, coordenação ou outros profissionais que estejam trabalhando com a criança no momento, afinal, embora lidar com crianças que fujam ao desenvolvimento típico traga benefícios, como um aumento considerável de experiência e conhecimentos acerca do desenvolvimento humano e as vitórias e sentimento de dever cumprido ao acompanhar os progressos do dia a dia, estas crianças trazem, também, um desafio que pode gerar confusão, stress e sobrecarga no professor, assim como em todos aqueles que convivam mais intensa e diariamente com a criança e estejam em posição de amparar e suprir suas necessidades. Lembrar que os pais são os que conhecem toda essa realidade em primeira mão enriquece bastante o aprendizado e o progresso de todos.

Por fim, fica a sugestão da leitura de um pequeno, porém importante, artigo (aqui – mesmo texto referido no link sobre bullying) escrito por Adriana Campos, psicóloga que vivencia a síndrome em sua prática clínica, cujo trecho trago abaixo:

“O contato com estas crianças, com quem habitualmente estabeleço uma excelente relação, leva-me a concordar plenamente com a opinião de Tony Attwood, psicólogo clínico especialista mundial em síndrome de Asperger, relativamente às capacidades e talentos dos portadores desta síndrome. A capacidade para estabelecerem relações de grande lealdade, o discurso isento de falsidades, a conversação objetiva e sem manipulação, a perspectiva original de resolução de problemas e a clareza de valores fazem deles pessoas muito especiais. Como diria este especialista, “Precisamos de pessoas com Asperger, uma vez que são mais criativos do que a população em geral. A cura para o cancro será provavelmente descoberta por alguém com Asperger!”(Atwood, T. (1998), A Síndrome de Asperger: Um Guia para Pais e Profissionais, Editorial Verbo, Lisboa., apud Adriana Campos).

Nota: trecho adaptado do português europeu para o brasileiro.

Você encontra mais sobre isso no texto: “O que o professor precisa saber sobre autismo“, no portal do programa da TV Cultura “Papo de Mãe”.

E no YouTube você também encontra a gravação completa do programa “Papo de Mãe” cujo tema foi SÍNDROME DE ASPERGER. É um programa menos “técnico”, mas repleto de informações úteis e que traz mães falando sobre a síndrome em seus filhos, com a participação de duas profissionais sobre o assunto, uma neuropediatra e uma psiquiatra infantil. Este programa oferece uma visão que pode ser bastante interessante para a escola.

 

 

 

Audrey Bueno é psicóloga, tradutora e pesquisadora nas áreas de neurociências e psiquiatria, com enfoque na síndrome de Asperger.

Possui um blog sobre o assunto, que pode ser acessado aqui: sindromedeasperger.blog
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Expectativas Maternas

Contar ou não sobre o Papai Noel?

FELIZ NATAL HO HO HO, chegou o Antonio falando da creche!

Eu percebi que desde novembro ele vem trazendo coisas para casa sobre o natal: árvore de natal, Papai Noel, lista de presentes, boneco de neve…

Logo para mim, a mãe socióloga, chata, crítica, politizada… Os filhos vêem para nos dar uma sacudida e nos dizer que o que acreditamos e desejamos para a criação deles nem sempre vai ser do jeito que planejamos.

Bem, com 2 anos e 7 meses aconteceu o que eu sempre temi, falar sobre o Papai Noel. Tanto eu quanto o pai do Antonio somos espíritas-cristãos, então o Natal tem toda uma simbologia sobre o nascimento de Jesus e seus ensinamentos, momento de reflexão, de renascimento, de transformar o homem velho no homem novo.

Como lidar com a concorrência do Papai Noel que grita em vermelho em todos os cantos que vou com ele? Os desenhos, as pessoas, as lojas, tudo tem o bom velhinho, os presentes e polo norte. AHHHHH!!!!!

Bom, estou tentando lidar de forma mais natural possível, sempre que ele comenta explico sobre o Papai Noel mas destaco a nossa crença “o nascimento de Jesus e a simbologia dos presentes”. Já que Papai Noel está nos desenhos, nos bonecos, nas músicas, confraternizações de final de ano e etc, não tive coragem de dizer que ele não existe e acabar com a doce inocência dele mas aos poucos vou introduzindo os elementos mais importantes para ele, os ensinamentos cristãos, a importância do natal como uma data simbólica de quem veio para nos dar o maior exemplo na Terra.

O Natal é uma festa cristã, comemorada em sua maior parte no lado ocidental do mundo. Uma festa simbólica, pois alguns estudiosos questionam a data e história que nos é contada ano após ano. Mas como tudo que pertence ao sistema capitalista é transformado em mercadoria, o apelo para consumo é grande, é desleal se podemos dizer assim… Tento de alguma forma “blindar” o Antonio disso, não frequentando tanto shoppings, não vendo TV aberta (santa Netflix!) e não valorizando quando ele chega com as novidades do “bom velhinho”. Estamos sobrevivendo ao primeiro natal em que ele realmente está entendendo e reproduzindo os conceitos vivenciados fora de casa.

 

Com carinho,

Lilica.