Tudo o que você precisa saber sobre Diabetes Gestacional

Olá mamães! Hoje, vamos falar sobre o diabetes gestacional.

O diabetes melito gestacional é definido como qualquer alteração glicêmica diagnosticada durante o período da gestação. Isso não exclui a possibilidade de que uma intolerância à glicose nunca antes reconhecida não possa ser uma alteração anterior à gravidez.

Atualmente, durante o pré-natal, existe um organizado programa de rastreamento, que deve ser feito tanto nas gravidinhas de baixo quanto nas de alto risco para o diabetes gestacional.

Mulheres de baixo risco tem até 25 anos de idade, apresentam peso corporal adequado, não tem parentes em primeiro grau com diabetes, não tem história de metabolismo do açúcar alterado e não possuem um histórico obstétrico ruim (bebês muito gordinhos ou perdas fetais no fim da gestação sem causa aparente). Inferimos, então, que as pacientes de alto risco  são aquelas com sobrepeso e com histórico familiar importante para diabetes tipo 2.

Como chegamos a conclusão de que uma gestante desenvolveu diabetes gestacional?

Na primeira consulta de pré-natal, são solicitados os exames de glicemia de jejum e hemoglobina glicada. Quando a glicemia de jejum está maior ou igual a 126mg/dl ou a hemoglobina glicada maior ou igual a 6,5% identificamos um diabetes não diagnosticado previamente. Mesmo assim, como o diagnóstico aconteceu na gravidez, ele também é classificado como diabetes gestacional.

Gestantes com glicemia de jejum acima de 92mg/dl, na primeira consulta, devem ter o rastreio antecipado.

Todas as gestantes que ainda não tenham tido qualquer alteração glicêmica entre 24 e 28 semanas devem se submeter ao teste oral de tolerância a glicose (TOTG) com sobrecarga de 75 gramas de glicose anidra (dextrosol). Esse teste costuma ser reconhecido como o  “teste do suquinho”. Algumas pacientes sentem-se mal, inclusive, durante esse exame. Imagine chegar ao laboratório em jejum (aliás, é importante que esse jejum seja entre oito e dez horas e que não ultrapasse as dez horas) e, após colher o sangue, ao invés do lanchinho do laboratório, você seja obrigada a tomar um suco super doce. Tem umas gravidinhas que até acham o suquinho gostoso. Bem, além de saborear essa ïguaria”, ainda precisa-se permanecer duas horas de castigo dentro do laboratório. Sim, porque, no TOTG, dosa-se a glicemia uma hora e duas horas após a sobrecarga. Os valores esperados são: inferior a 92mg/dl em jejum, menor ou igual a 180mg/dl na primeira hora e menor ou igual a 153mg/dl na segunda hora após a sobrecarga.

Digamos, então, que você caiu na malha fina do diabetes gestacional. Imagino que a primeira preocupação que vem a sua mente seja: “isso vai prejudicar o meu bebê?” Calma. Lógico que cuidados serão necessários, afinal, o diabetes é uma doença de alto risco materno e fetal.

O principal risco materno é o desenvolvimento de um diabetes após o término da gestação e, com ele, todas aquelas complicações inerentes, como a retinopatia (cegueira), nefropatia (insuficiência renal e diálise) e doença coronariana (infarto agudo).

Para os bebês, quando dentro do útero, os principais riscos são: a macrossomia (bebês que nascem com mais de 4 quilos), polidramnia (muito líquido amniótico), prematuridade (parto antes de 37 semanas completas de gestação) e até o óbito. Vale lembrar que, para os fetinhos de mães diabéticas, a hipoglicemia (açúcar baixo no sangue) preocupa tanto (ou até mais) do que a hiperglicemia.

Durante o parto, os bebês que estão mais gorduchos (pesando mais de 4,5 quilos) tem um risco maior de distócia de ombro, ou seja, da cabecinha sair, mas o ombrinho ficar preso.

Para os bebês já do lado de fora, as principais preocupações são a hipoglicemia neonatal, o desconforto respiratório, a icterícia (quando eles ficam amarelinhos) e a maior necessidade de internação em uma unidade de terapia intensiva.

Após o diagnóstico, a primeira providencia a ser tomada é a mudança do estlo de vida com dieta preferencialmente associada a atividade física aeróbica.

É sempre bom que essas pacientes sejam acompanhadas por uma equipe multidisciplinar: obstetra, endocrinologista, nutricionista e professional de educação física.

O tratamento consiste em manter os níveis glicêmicos dentro da normalidade. Espera-se, então, glicemias de jejum e prévias às refeições menores do que 105mg/dl e glicemias na primeira hora após a refeição menores do que 120.

Inicialmente, o tratamento é feito com dieta. Uma dieta hiperprotéica, pobre em carboidratos, com refeições pequenas e em intervalos regulares (em media a cada três horas). O acompanhamento com uma nutricionista é fundamental.

Paralelo à dieta, sabe-se que, durante a atividade física, queima-se muito açúcar. Logo, podendo-se praticar uma caminhada, uma dança, uma hidroginástica, ótimo! Claro que, se houver qualquer contraindicação médica, a gestante mantem-se em repouso, Durante atividade física, olho na frequência cardíaca!

As gestante devem fazer um diário, onde elas devem anotar todas as suas glicemias (fura-se o dedinho meia hora antes do café, do almoço e do jantar e duas horas após essas refeições) para que o obstetra e o endocrinologista possam acompanhar.

Quando as glicemias estão acima dos valores anteriormente descritos, indica-se a insulinoterapia. Na gestação, não se trata o diabetes com hipoglicemiantes orais, somente com insulina nas suas diferentes categorias.

O melhor parâmetro para avaliação do bem-estar fetal em gestantes com diabetes é o bom controle glicêmico. Dai, a importância do hemogluco!

De uma maneira geral, para monitorização dos fetos, a partir de 24 semanas de gestação, é recomendada uma ultrassonografia a cada três semanas, pois, desse jeito, avalia-se o volume de líquido amniótico, o peso fetal estimado e a circunferência abdominal. Líquido amniótico, peso fetal estimado e circunferência abdominal acima do percentil 90 falam a favor de que não está havendo um bom controle glicêmico da mãe e, como isso, muito açúcar chega para o feto, que urina mais e fica mais gordo.

A partir de 32 semanas, considera-se a realização de exames ultrassonográficos a cada duas semanas e cardiotocografia basal (aquele exame em que ficamos um tempão ouvindo o neném) seminal.

Além dos exames complementares, perceber a movimentação fetal é uma ótima vigilância!

Gestantes que evoluem com um bom controle glicêmico podem aguardar o parto até 40 semanas, sempre acompanhando de pertinho o bem-estar fetal.

Gestantes com um controle dietético ruim, vale a pena avaliar o parto entre 38 e 39 semanas, seja por cesariana, seja por indução de trabalho de parto.

Gestantes em uso de insulina ou com outras comorbidades associadas, interrupção de acordo com as condições materno-fetais.

As mãezinhas que receberam o diagnóstico de diabetes gestacional devem repetir o TOTG na sexta semana após o parto. Caso o resultado venha normal, basta a glicemia de jejum. Caso o resultado venha alterado, orienta-se manter acompanhamento com endocrinologista.

Lógico que nenhuma de nós quer ter qualquer intercorrência clínica durante sua gestação. Mas a importância do pré-natal é exatamente essa: descobrir possíveis complicações, tratá-las e vermos uma família linda e saudável se formar.

Espero ter ajudado!

Até a próxima!

 

Dra. Michelle Zelaquett

CRM 52.85064-0