Relato do parto VBAC do Luan

Se você está nesse texto e não leu o relato do parto do meu primeiro filho, talvez não saiba como eu gostaria de ter conseguido realizar um parto vaginal.

Com a gravidez do Luan, vislumbrei mais uma vez essa possibilidade, mas agora de um modo mais realista, porque não gostaria de ter de lidar com a frustração novamente.

Não, não estou dizendo que o parto do Theo não foi especial. Claro que foi! Afinal foi o momento do nascimento do meu filho, aquele por quem esperei por 9 meses. Mas eu gostaria de ter vivenciado a sensação do que é auxiliar no processo do trabalho de parto e me sentir ativa até o final, quando o bebê nascesse.

Bom, desde as primeiras consultas com a dra. Michelle Zelaquett (e que já me conhecia antes de ser a minha obstetra), conversei sobre esse desejo de realizar o parto normal. Mas, será que eu poderia? Havia vindo de uma cesariana há quase 3 anos. Foi aí que ela me explicou que as informações que eu tinha sobre partos VBAC (em inglês, VBACvaginal birth after cesarean) é uma prática que tem um risco muito baixo de ruptura do útero e que sim, eu poderia tentá-lo sem medo.

Ah, alívio no coração… mas, é aquilo, né? Vai que não dá? Ou que acontece alguma complicação? Confesso que passei os 9 meses tentando não alimentar o desejo desenfreado pra evitar uma segunda frustração.

Mas vamos aos finalmente: o dia do parto!

Em uma das últimas consultas, já com 38 semanas e 5 dias, em conversa com a (fofa) dra. Michelle, disse a ela que seria muito bom se o Luan já estivesse preparado pra vir ao mundo, porque o papai viajaria a trabalho dois dias depois e correríamos o risco dele não chegar a tempo pra hora do parto (você que está grávida entende essa minha ansiedade, não é?). Ela me sugeriu que tentássemos a manobra de descolamento da bolsa para que, quem sabe, o trabalho de parto pudesse começar. Saímos do consultório esperançosos que os 2 cm de dilatação que eu já tinha há quase 1 semana pudessem evoluir o quanto antes e que ele não demorasse muito pra desejar vir ao mundo.

Batata! 3 horas depois começaram as contrações. Conseguia reconhecer o processo pois já havia passado por isso antes. E comecei a marcar a frequência e a duração. A família já estava avisada, médica e fotógrafo também. 3 horas depois do início, rumamos para a maternidade: eu, meu esposo, meu filho, meus pais, irmão e Paçoca (o peixe que o Luan traria como presente para o Theo).

Chegamos à maternidade e já estava com 6 cm de dilatação. Sentia contrair muitas vezes, mas pra mim ainda era bem tolerável. Agora a sala de parto normal estava preparada. Em minha playlisttocavam “Coisa linda”, do Tiago Iorc, “Beauty and the Beast”  e “Photograph”. Já estava na banheira com água morna, tentando me acalmar entre uma contração e outra. A equipe médica ia chegando aos poucos e minha emoção aumentando. Seria agora? Demoraria? Eu encontraria o mais novo amor da minha vida logo? Eu conseguiria ter amor suficiente pra ele também? Tantas dúvidas, tantas questões.

Eu olhava pro relógio da sala, com misto de ansiedade e alegria. Perto da meia-noite chegou a Renata, uma querida amiga médica pra segurar a minha mão e me lembrar que eu não estava sozinha naquela madrugada. Estava rodeada de gente que desejava presenciar a chegada do meu Luan. Me sentia confiante e gravava vídeos pro Theo, dizendo que muito em breve ele conheceria seu irmão, aquele que por tantas vezes recebeu seus beijos ainda em minha barriga.

Era meia-noite, dra. Michelle acompanhava com o ultrassom a posição do coração dele, se estava girando ou não. Às vezes eu olhei pra suas feições e pensei em perguntar se ela achava que eu conseguiria. Temi sua resposta. Preferi as minhas dúvidas.

Já tinha chegado aos 10 cm de dilatação, já estava com analgesia e um clima de “e aí? Será que demora muito?” se misturava com uma conversa informal sobre novas mídias sociais… o papo estava descontraído por fora, mas por dentro eu ainda era pura ansiedade… muita mesmo…

E a Michelle e Renata sugeriram que eu me movimentasse, usasse a bola de Pilates, caminhasse um pouco pela sala e tentasse a banqueta… ah, Santa banqueta! Eu ainda não sabia bem a sua função mas não demorou muito pra eu entender. Foi questão de tempo, minutos, poucos… Quando eu me sentei nela, meu marido ficou atrás de mim me apoiando (literalmente) e não demorou pra eu sentir uma dor, uma força absurda que eu nunca havia sentido na vida. Eu estava anestesiada, mas era como se não estivesse. Comecei a gritar, bateu um medo, um nervoso, um desespero. Não! Eu não daria conta, aquilo não era pra mim. Eu quase disse que preferiria a cesárea. Quase… porque em meio ao desespero que eu sentia, me lembro como se fosse hoje ver a imagem da Renata, da Michelle e da anestesista, segurando a minha mão e me dizendo: “Calma, Aiga! Ele tá nascendo. É assim mesmo! Se prepara que ele vai chegar. Não, não feche a perna! Ajude o seu filho nascer.”

Acho que me acalmei naquele momento. Senti uma força gigante de evacuar. Pensei: “Ferrou! Logo agora?”, no fundo me diziam: “faz força, Aiga, ele tá vindo!”. A segunda força absurda surgiu e eu me entreguei… forcei o que eu conseguia e gritava, de dor, de medo, de nervoso ou sei lá de quê. Olhei pra baixo, ele nasceu! Ele saiu de mim! Foi rápido e intenso. Michelle me entregou pra que eu fosse a primeira a tocar, abraçar e beijar meu pequeno Luan. Eu queria chorar, gritar e sorrir. Tudo ao mesmo tempo e não necessariamente nesta ordem.

Senti tantos beijos dela em mim, me parabenizando por ter conseguido; um abraço apertado do meu marido que não acreditava em nosso bebê ali no meu colo e a Renata que acariciava meu cabelo pela nossa vitória. Me senti como em uma nuvem de endorfina. Era sensação de êxtase. Era realização o que eu sentia.

E agora ele estava no meu colo, no meio seio, sugando o meu colostro com uma força que me parecia desproporcional ao seu tamanho.

Tive pequenas lacerações que precisaram de alguns pontos. Mas eu nem ligava. Ele tinha chegado: 1:35h da manhã.  Virei a madrugada acordada tentando reviver cada segundo do que acabava de acontecer. Não queria que a minha memória me traísse e me fizesse esquecer de nada.

E foi assim o nosso primeiro encontro. E sobre o amor por ele? Que besteira! Nos amamos de cara, nos reconhecemos um ao outro pelo toque, pela pele. Nós conseguimos o VBAC (juntos!).

 

Observação: Se você procura uma ginecologista obstetra atenciosa e muito capacitada em partos normais, a Dra. Michelle Zelaquett atende no consultório Lead Américas (Barra da Tijuca), telefone: (21)99983-2200 e no email: mmszelaquett@gmail.com

 

Nana.