O desmame GENTIL do Antonio

A amamentação costuma ser motivo de pânico para a maioria das mulheres, e comigo não foi diferente! Eu tinha medo do meu leite secar, da pega não estar correta, dos meus seios racharem e ficarem em carne viva. Bom, nada disso aconteceu, e eu segui lendo muito, conversando com outras mães, com mulheres que tiveram diversas experiências, para conhecer as possibilidades e também para me manter informada sobre as próximas etapas que me aguardavam.

Eu passei pela amamentação exclusiva até os seis meses do Antonio, exausta, faminta (a amamentação me deu mais fome do que quando eu estava grávida) e doida para fazer a introdução alimentar dele com seis meses e um dia de vida (hehehehe) mas como já relatei em outro texto aqui no blog, a introdução alimentar dele foi gradual e lenta, conseguindo somente dois meses depois (de iniciado o processo) que ele aceitasse alimentos amassados, sólidos e consistentes, que não fosse o meu leite.

A verdade é que o Antonio sempre amou o peito! Desde que nasceu mamou livre demanda a cada 1 hora mais ou menos, com o tempo passou a mamar a cada 2 horas. E não espaçou mais, ele mamou de 2 em 2 horas até os oito meses, que foi quando aceitou comida e frutas de fato. Mesmo assim, mamava entre as refeições e sempre foi muito ligado ao peito. Enquanto ele ficou em casa comigo (até 1 ano e 4 meses que foi quando ele entrou para a creche) eu não conseguia controlar muito essa questão do peito, eu tentei diminuir algumas mamadas depois que ele começou a comer comida e a livre demanda me exauriu tanto que eu deixei de amamentar em livre demanda depois que ele começou a comer bem. Eu comecei a regular as horas em que ele mamava, mas mesmo assim, ainda eram bastantes vezes quando ele entrou para a creche.

Ele mamava quando acordava, antes de ir para a creche, durante o período de adaptação mamou durante o dia normalmente, quando eu buscava da creche, as vezes antes de jantar, para dormir e uma vez de madrugada. A mamada da madrugada estava demais, ele já tinha 1 ano e 6 meses quando decidimos por exaustão e por motivos pessoais, começar um desmame gradual e lento e a primeira mamada a ser retirada seria a da madrugada.

Ele demorou quase um mês para aceitar que não mamaria mais de madrugada, no começou chorava procurando o peito, o pai pegava ele, colocava a chupeta (aqui Antonio usa para dormir) e ninava até o pequeno dormir. No final da retirada dessa mamada da madrugada, ele acordava só pelo hábito, pois com a chupeta e o ninar adormecia bem rápido. Uma vitória! Eu não tinha mais obrigação de acordar de madrugada para amamentar (a não ser que ficasse doente). Se eu confessar que acordo no meio da madrugada até hoje, mesmo seis meses depois que ele parou de mamar de madrugada alguém acredita? Pois bem, o corpo acostumou. Tem vezes que eu acordo, vejo a hora, se ele está bem e durmo novamente fácil. Tem dias que perco o sono e tenho uma insônia terrível as 2 horas da madrugada…

Depois que percebi que a retirada de uma mamada por vez dava certo aqui com meu pequeno, foi a vez da mamada da creche, de quando eu ia busca-lo. Ele me via e já pedia peito desesperadamente. Só que começou a me incomodar o fato de as vezes sair com uma roupa que não dava para amamenta-lo e eu ir busca-lo logo em seguida. Eu tinha que ficar prestando atenção na minha roupa, sem contar que estava me sentindo cansada, pois como sabemos a amamentação cansa e muito! Decidi que iria parar com essa mamada também, comecei a levar água de coco ou suco quando ia busca-lo e conversando sempre com ele que já tinha mais de 1 ano e meio, consegui facilmente retirar a mamada da tarde.

Sobraram duas mamadas: a da manhã e a da noite. Decidi que retiraria a mamada da manhã, pois seria fácil também, pois ele já bebia o leite artificial há alguns meses, então quando ele pedia o peito, eu dizia para ele que não tinha mais leite de manhã, que o peito estava dormindo, que somente a noite ele mamaria. Como eu previ, foi fácil também.

A mamada noturna era a última e eu estava disposta a parar a amamentação em torno dos dois anos, pois para mim já estava de bom tamanho todo esse tempo de entrega e dedicação, a amamentação que eu sabia ser importante até os dois anos de vida dele. Então, segui amamentando a noite antes de dormir. Alguns dias, bem poucos, eu saí a noite e ele adormeceu com o pai dando a chupeta, mas quando eu estava presente a noite ele solicitava o peito, então eu dava. Alguns dias ele passou a dormir rápido de tão cansado, principalmente aos finais de semana que passava o dia com atividades na rua, na casa dos avós, e muitas vezes voltava dormindo no carro. E assim foi até que ele começou a dormir sem pedir mais peito e como eu já estava bem cansada e querendo parar mesmo, não oferecia, só dava quando ele lembrava e pedia.

Pelas minhas contas, uns 15 dias antes do aniversário de 2 anos do Antonio, ele não pediu mais peito. Não fez cara de nojo para o peito, não chorou, não fez escândalo pedindo, simplesmente esqueceu. E eu esqueci junto, feliz feliz por ter sido um desmame tão tranquilo e natural. Acredito que o sucesso do desmame ter sido gentil e fácil se deve a alguns fatores:

 

  • Muita conversa (principalmente com os maiores que já entendem)
  • Retirada de uma mamada por vez a cada um ou dois meses (de forma gradual e lenta)
  • Substituição da mamada por fruta, suco ou o lanche da tarde (caso seja próximo o horário)
  • Eu não tinha pressa, sabia que queria desmamar próximo aos 2 anos mas não fiquei desesperada querendo fazer isso para ontem
  • Senti o ritmo dele e tentei fazer dessa forma para ele não sentir muito.

 

Eu não tenho como afirmar mas percebi que após o desmame ele ficou bem mais amoroso comigo, com mais carinhos, abraços e palavras de afeto. Meu medo era perdermos parte do vínculo que tínhamos por causa da amamentação, mas ao contrário do que achava, ficamos mais unidos com carinhos, palavras e atitudes que temos construído ao longo desses dois anos!

Espero ter ajudado vocês com o relato da minha experiência. Me encontro a disposição para conversas e desabafos, caso precisem.

Lilica.