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Puerpério: sim, é possível sentir falta!

Diario do pai
Data Paternofilial 255.9
Terça-feira, eram 3 da manhã. Data paterna 246, começa a contagem de vida do meu filho, agora data paternofilial 246.1. O susto tinha passado. Minha esposa dormia na maca ao meu lado, logo após um parto complicado, logo após o susto que tive… apenas a via dormir… Mas no quarto faltava alguém. Não tinha a cama que mais esperávamos. Não tinha exatamente aquele que esperavamos desde a data paterna 01. Fiz a coisa mais difícil neste dia, a exatas 2h antes… leva-lo e interna-lo no CTI Neo Natal… nem pestanejei quando a médica sugeriu e agarrei com afinco que esta era a melhor decisão. E era. E foi. Aliás, a pior parte foi dar a notícia para minha esposa quando ela acordou.
Não, não vou falar da condição dele, foi mais um ato preventivo que qualquer outra coisa e isso é algo que condiz a família apenas. Portanto, ao encontrar uma família que o mesmo tenha ocorrido, segure a onda e não pergunte, se a família quiser te falar sobre, falará. Não tente falar do assunto, não tente encontrar justificativa (sempre parece crítica negativa a escolha dos partureintes… sério, sempre), fale apenas de força, se passou por situação parecida, fale da melhora, mas não force. Repetindo, apenas fale de força, fale de melhoras e nada mais. Neste momento, os parturientes só querem abraços e fim.
Mas esta introdução é apenas para relatar uma coisa: “Puerpério! Sim, é possível sentir falta!”.
Eu sei que o puerpério é uma fase complicada, mãe e bebê se adaptando, pai se adaptando a ambos (quando o faz), ninguém dorme, cólicas, dificuldade na amamentação, desespero total, a lista é grande e não quero romantizar nunca esta fase, ela é um caos regado de amor e desespero. Mas antes de dizer que ninguém sente falta do puerpério, eu e minha esposa hoje estamos ensandecidos para que o mesmo aconteça, afinal, ninguém merece os dramas do CTI que relato abaixo:
1- bebê no CTI, primeiro contato, ele está em uma incubadora, com tubos e mais tubos inseridos em um braço, um sistema de monitoramento que observa parâmetros corporais que realmente variam e apitam o tempo inteiro. No nosso caso, ainda tem um respirador no nariz. Você o vê por uma base de acrílico colocando apenas suas mãos no bebê sem poder colocá-lo no aconchego do colo. Não ainda. E quando tem esta autorização… o trabalho de tira-lo é tão grande devido aos tubos, que você não quer devolvê-lo para a caixa quente opressora. Então você começa a torcer que o respirador saia logo e facilite sua vida.
2- o primeiro banho não é seu. Nem a maioria das trocas de fraldas. Quando vão fazer algum procedimento ou revisão do bebê, você não pode ficar do lado. O resto do dia pode.
3- enquanto não sai o respirador do nariz, nada de amamentar. Vários bebês então se alimentam apenas de sonda, enquanto não tiram o respirador. Mas vai lá, a mãe é incentivada a ordenha para que seu colostro e leite fortaleça o bebê.
4- o local é desconfortável para os pais, por mais que as cadeiras sejam confortáveis. Passar o dia lá é mentalmente desgastante, desesperador, cansativo, mesmo que você faça nada, você fica totalmente esgotado.
5- a mãe tem alta, você pega na mão dela a noite e a leva para casa, quase a força, quase no papel do cara monstruoso que a está levando para longe da criança dela, mas porque você sabe que se ela não descansar, será pior.
6- no carro, o bebê conforto está vazio. Você o cobre com um pano para fingir que não a vê ali no fundo.
7- em casa você não dorme no quarto, pois o berço dorme vazio. Seu sono não vem, pois você não quer sair do lado da incubadora.
8- a noite é toda interrompida devido a dores e remédios do pós-parto. Ai você recorda, o bebê não está ali para reforçar que valeu a pena.
9- controlar para quem você fala a situação, dar notícias todo dia e controlar as visitações limitadas.
10- você saber o que seu filho precisa (ele ta com cólica por exemplo) e não poder fazer nada, pois ele está sobre controle rigoroso médico.
11- dia seguinte você volta ao hospital, e a rotina se repete.
Portanto, a única coisa que sentimos falta neste momento é o santo puerpério infernal. Adoraria passar noites em claro com o bebê chorando em casa e não em um esquife quente de acrílico.
Mas tem um alento nesta rotina malévola. Cada dia era uma melhora. Cada dia era uma comemoração. Cada dia você pensa que está mais próximo da alta. Mas a noite, ir para casa era um chute da realidade, pelo menos mais fraco, pois cada melhora era uma injeção de ânimo na esperança.
Por fim, não me dei ao luxo de chorar, este texto é meu choro. Apenas sei que não desejo isso a nenhum pai/mãe. Somente pior que este quadro seria a criança não viver. Repito isso na minha cabeça todo dia para aliviar a dor. Em breve ele estará em casa acabando com meu sono.
Meu próximo texto será sobre a importância do pai no pós-parto, exatamente com minha experiência no CTI. Espero que gostem.
Tulio Queto
É pai e escreve no blog http://jornadapai.blogspot.com.br/
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Relato do parto do Theo

Em um dos textos do blog, contei sobre a escolha do parto e a importância de se ter em mente que nem sempre a sua escolha poderá ser a ideal.

Agora, quero contar como foi o parto do meu filho. No dia 31 de maio de 2014, com 39 semanas e muita pressão por todos os lados para saber quando o Theo chegaria ao mundo (já que escolhi tê-lo por parto normal), saiu uma parte do tampão mucoso. Eu soube reconhecê-lo pois tem aspecto gelatinoso e uma amiga algumas semanas antes me havia contado que aconteceu o mesmo procedimento com ela.

Bem, o tampão saiu e contei apenas para a minha mãe e meu esposo, pois o médico me informou que depois que o tampão sai, o parto pode demorar até 15 dias para ocorrer. Como não queria mais pressão nos meus ouvidos, não divulguei a notícia aos familiares.

No dia 06 de junho de 2014, ao me levantar de manhã (por volta das 8h), senti um leve corrimento. Ao me limpar, reparei que outra parte do tampão havia saído e entrei em contato com o médico. Como eu não sentia dores e teria a consulta com ele no mesmo dia à tarde, ele me orientou que aguardasse e fosse ao consultório no horário marcado. Porém, uma hora depois comecei a sentir umas cólicas e me lembrei de que essas deveriam ser as famosas contrações. Pedi ao meu esposo que marcasse no relógio a constância e duração que estavam acontecendo. Voltei a falar com o médico e com essas palavras, me disse: “Sua voz está ótima. Se estivesse entrando em trabalho de parto, não estaria aguentando falar comigo. De qualquer maneira, vá para o hospital para que possam te analisar e eu te encontrarei por lá.” Daí, pensei: “Não sei, acho q é hoje que o pequeno Theo estreia ao mundo! Vou tomar um banho e me arrumar porque é HOJE!!!”

Saí de casa com o meu esposo e minha mãe, rumo à maternidade. Mas antes, entre uma contração e outra, aproveitei pra fazer uma chapinha e passar uma maquiagem básica pra esconder as olheiras (eu sei, você deve estar me achando louca. Todos acharam!! hahaha). Chegando ao hospital, dei entrada na emergência e eis que a médica me informa que já estava com 6 cm de dilatação. Como??? 6??? Não pode ser!! Esperava que estivesse no início ainda… Bateu uma tensão!!! Ninguém chegaria a tempo pra vê-lo no vidro da maternidade, tem que ligar pra todos os parentes que queriam rezar pra hora do parto, enfim… bateu uma tremenda ansiedade, porque faltavam poucos minutos para que eu pudesse encontrar o serzinho que mais desejei nos últimos meses.

Neste meio tempo, o médico chegou junto com a sua equipe e me disseram que começariam a me anestesiar pois eu já estava com 8 cm de dilatação em uma hora transcorrida desde que cheguei à maternidade. Quando recebi a anestesia peridural, eu disse que teria uns 50 filhos ao mesmo tempo. Que maravilha!! Não sentia nada! Apenas fazia a força que os médicos pediam, quando contraía a barriga. A ansiedade tomava conta de mim, pois o obstetra me disse que eu já tinha chegado aos 10 cm de dilatação, traduzindo, estava tudo pronto para que o Theo chegasse.

Mas o tempo passou, os médicos faziam os toques no momento adequado e eu sentia uma certa preocupação por parte deles. O meu tão sonhado parto normal estava com dificuldades de acontecer, devido a posição da cabeça do meu filho e minha bacia. Chama-se desproporção céfalo-pélvica. E aí, com todo o cuidado do mundo, os obstetras vieram me dizer que apesar de estarem muito felizes por poderem realizar um parto normal (quase raro hoje em dia, pois as mães preferem a cesárea), eles teria que recorrer a cirurgia pra que meu filho não entrasse em sofrimento, nem tivesse nenhuma complicação maior.

Confesso que fiquei frustrada. =( Foram 9 meses sonhando com esse parto, imaginando como seria, e, de repente, descubro que não conseguiria. Mas disse a eles que fizessem o melhor pro bebê e para mim.

Depois que chegamos ao centro cirúrgico, tomei uma nova anestesia (a raquitidiana) para realizar a cirurgia cesariana. Neste momento, já estava concentrada (mentira!!! Estava tagarelando com os médicos sobre meus últimos “desejos alimentares” de grávida) e aí escutei o médico dizendo para mim: “Se prepara, Aiga.” Ahhhh!!! O coração parou!! Sim, tenho certeza de que ele parou por um instante que para mim durou um infinito de tempo, até que eu ouvisse a melhor melodia do mundo: o chorinho do Theo, e até que eu sentisse aquela mãozinha tão delicada e molhada tocando o meu rosto. As lágrimas eram incontroláveis e eu dizia: “obrigada, Deus! O Theo chegou. Filho, eu te amo, te amo muito!” (pausa: preciso secar minhas lágrimas que surgiram ao relembrar este momento).

De fato, a escolha do parto não dependeu apenas da minha escolha, mas independente de como ele chegou, a emoção de saber que fui capaz de gestar por tantos meses, de saber que eu não estou mais só neste mundo e que agora teria que ser muito mais responsável do que antes, arrebatam o coração e pensamentos.

E foi assim que todos os dias 06 de junho passaram a ser mais importantes na minha vida.

E com você, como foi o seu parto? Divida conosco a sua experiência.

Beijos carinhosos,

Nana

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Bebê na barriga

A escolha do parto

tipos-de-partoÉ só você anunciar que está grávida para alguém, que começam as enxurradas de perguntas: “Qual é o sexo?”, “Já escolheram o nome?”, até chegarem naquela que não pode faltar: “Você vai fazer parto normal ou cesárea?”

Ok, levante a mão aí quem nunca foi questionada pelo tipo de parto que faria? Ouso até dizer que 10 entre 10 mães ouviram isso pelo menos uma vez durante a gestação.

Bom, aí é que chega o cerne da questão. Independente da sua resposta, você SEMPRE ouvirá uma crítica. Se diz que será normal, muitos dirão: “Que coragem!!”, “Você acha que vai aguentar?”, “Ah, que bobagem! Marca o dia que facilita pra você, pro médico…”, “Em pleno século XXI e você está disposta a sentir dor?” e até umas mamães mais antigas costumam dizer: “Porque quando eu tive fulaninho, o bebê ficou atravessado… ou, a mãe sofreu no parto… ou, sabe-se lá qual outra variação de terror psicológico o povo gosta de fazer.

Por outro lado, se a sua resposta for a cesárea, ahhhh…. aí você ouvirá algo como: “Se você não fizer a força do parto, não saberá o que é ser mãe de verdade!”, “Mas parto normal é maravilhoso! Afinal, a recuperação é muito mais rápida.” ou “As mulheres de hoje não são mais como as de antigamente. São todas frescas ou querem tudo com hora marcada.”

É, pessoal. Ficamos entre a cruz e a espada. Daí, entra o meu conselho: não se preocupe com o que te dirão sobre o parto, aliás, não se preocupe com MUITA coisa que te dirão ao longo da gestação. Digo porque muitas pessoas tem o péssimo hábito de se envolverem na vida do outro, em especial no momento da sua gestação. Bom, pelo menos eu acredito que o ideal é que alguém só deva emitir opinião sobre a gestação alheia (ainda mais quando envolve uma decisão importante como essa), se perguntada.

Ninguém é mais ou menos mãe pela forma como se escolhe o tipo de parto. Ninguém será mais ou menos forte para levar a maternidade por conta desta escolha. O importante é que a sua decisão seja respeitada pela equipe médica e familiares, salvo exceções, em que a vida do bebê / da mamãe estão em perigo ou quando há alguma grande dificuldade pra realizar o parto escolhido.

Estava pesquisando uns dados para ilustrar este texto e encontrei algo bastante curioso no site Portal Brasil (acesso dia 24 de maio de 2015) em que diz que atualmente, no Brasil, 84% dos partos realizados na rede privada são cesarianas. No SUS, esse índice é de 40%.

O mais curioso desta reportagem é que mesmo mulheres que têm plano de saúde, estão recorrendo ao SUS para terem partos normais, pois há uma grande dificuldade em encontrar médico obstetra disposto a fazer este tipo de procedimento.

É neste ponto que acho relevante frisar que em primeiro lugar o desejo da mãe deve ser respeitado. É muuuuito comum encontrarmos nas consultas de pré-natal médicos que dizem fazer partos normais, mas ao longo da gestação sutilmente vão criando pequenas dificuldades até que te convencem que o “melhor” é que se faça a cesariana por pura comodidade da agenda do médico. Afinal, poderia ser no final do turno de trabalho, sem incomodar as pacientes dele ou sem ter que levantar de madrugada e ir correndo ao hospital para fazer um parto.

Bom, mamães, independente da escolha, sugiro que vocês pesquisem bastante os prós e contras de cada opção. Não se permitam serem influenciadas por pessoas que não passarão pelo momento mais especial na vida de uma mãe, que é o nascimento de um filho. Saibam exatamente qual é o seu limite e qual deve ser a melhor decisão para cada corpo. E além disso, pensem sempre no plano B, caso algo não saia como o esperado.

Beijos carinhosos,

Nana.

Fonte:

(http://www.brasil.gov.br/saude/2015/02/gestantes-com-planos-de-saude-buscam-sus-para-parto-normal)