Puerpério: tudo o que você precisa saber

O que você sabe sobre puerpério?

Provavelmente você já ouviu falar em puerpério, ou ao menos em pós-parto, como normalmente ele costuma ser chamado. Pode ser que você já tenha vivido na pele aqueles primeiros 40 dias da chegada de um bebê quando a mulher está se recuperando fisicamente da gravidez, com os hormônios à flor da pele, noites mal dormidas, amamentação e ainda procurando conhecer esse novo ser que chega desarrumando tudo. Acontece que, o puerpério não é só físico, ele também é emocional, e, portanto, muito mais complexo do que o pós-parto imediato. Até hoje eu não encontrei definição mais apropriada do que a do Psicólogo Alexandre Coimbra Amaral que definiu o puerpério como “Um mergulho na alma”. Essa definição retrata a profundidade e a complexidade vivenciada por uma mulher nesta fase da vida, que vai muito além do tempo dos ponteiros de um relógio. É uma vivência muito particular que pode durar, no mínimo, 2 anos.

Que vivências serão comuns nesta fase?

Em um primeiro momento já poderemos perceber que a realidade é bem diferente de tudo que imaginamos. Fantasiamos que iríamos nos sentir plenas o tempo todo e que saberíamos tudo que se passa com o nosso filho, além do que, amamentar seria incrível.

Porém, enquanto nos deparamos com os desafios em cada experiência, nos sentimos confusas, cansadas, tristes, o mundo só espera que estejamos prontas, que resolvamos tudo e coloquemos um sorriso no rosto. Afinal, ter um filho é uma benção, um presente. Não era isso que tanto queríamos? E é por isso que as mulheres têm vivenciado tanta solidão nesse processo. Não lhes é permitido viver esse mergulho com tudo o que ele proporciona, com o que tem de maravilhoso e o que ele tem de desafiador. *É muito importante esclarecer aqui, que não estamos falando de Depressão pós-parto. Todas essas vivências podem facilitar o surgimento da Depressão, mas dependerá de uma série de fatores: Predisposição genética, recursos internos, apoio emocional, por exemplo.

Outra vivência muito marcante é a mudança de identidade. De fato, a maternidade talvez seja a mudança mais profunda e transformadora na vida de uma mulher. A sensação pode ser de que não sabemos mais quem somos. E, ao mesmo tempo, fica aquele vazio por não sabermos ainda quem nos tornamos. Cada uma de nós, que nos permitirmos esse mergulho, aprenderemos a arte de nos reconstruir. Com base na nossa própria história familiar, repetindo ou negando, construiremos a nossa própria. A medida que já não seremos as mesmas, muitas coisas podem ficar para trás para dar lugar ao novo. Muda a nossa relação com o mundo, mudam os relacionamentos familiares, a relação com o parceiro (a), amigos, trabalho. Por isso que leva tempo, tempo para nomear essa nova mulher que nasce.

Como ajudar uma puérpera?

Às vezes, o que uma mulher no puerpério precisa é ficar na sua crisálida, assim como fazem as lagartas para se transformarem em borboletas. No puerpério imediato, que são os primeiros meses da chegada de um bebê, normalmente a própria mulher elege alguém para estar mais próximo, sua mãe ou alguém da família. Essa mulher precisa ser cuidada, e, a medida que isso acontecer, mais ela exercerá seu maternar de forma intensa e amorosa. Passados esses primeiros meses do puerpério imediato, ele continuará tendo presença marcante na vida dessa mulher. Através das dificuldades em conciliar as demandas de mãe com as de mulher, a dificuldade em nomear essa nova mulher ou a crise que costuma se instaurar na vida do casal. Então, quanto mais apoio, compreensão, escuta empática ela tiver, mais essa mulher terá a possibilidade de florescer através dessa experiência.

 

E por que vale a pena?

Nem sempre vai ser fácil trilhar esse caminho. Mas aprendi na minha experiência acompanhando mamães de pertinho e vivenciando a minha própria maternidade que nada na vida da gente acontece por acaso. Tudo o que passamos, entendo como sendo exatamente o que precisávamos para ser quem somos. E vivenciar a maternidade e seus desafios é também aprender a se reconstruir, se reinventar. O resultado disso é uma vida com muito mais sentido.

Tatiana Queiroz de A. Santos CRP 05/42047

Psicóloga. Terapeuta de casais e famílias. Formação em Psicologia Perinatal e Parental.

Apoia mulheres e casais a lidarem com as transformações, que ocorrem com a chegada dos filhos.

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